76. CAMILA ESTÁ VIVA?
O som grave do avião cortava o céu como uma lâmina atravessando a escuridão. Não havia estrelas — apenas o breu absoluto e o ronco constante dos motores. Lá embaixo, as luzes da cidade se tornavam pequenas, distantes, irreais. Eram fragmentos de um passado que Isabela e Henrique deixavam para trás, junto com tudo o que lhes havia ferido.
Dentro da aeronave, o ar parecia denso, carregado de emoções contidas.
Isabela segurava com força as mãos das crianças, o coração acelerado, tentando esconder o tremor que insistia em denunciar o medo que ainda vivia nela.
Henrique, ao seu lado, observava o horizonte com o olhar firme, decidido — mas em seus olhos também havia um brilho silencioso de preocupação.
— Agora acabou, meu amor — murmurou ele, com voz calma e grave, entrelaçando os dedos aos dela. — Ninguém mais vai te machucar. Eu prometo.
Isabela respirou fundo.
Por um instante, acreditou. Acreditou que o passado havia sido deixado para trás, que as dores e os fantasmas ficariam presos nas