75. TENTANDO SE PROTEGER DO PASSADO
O destino ainda os via como crianças — almas jovens demais para compreenderem o peso do sangue que corriam em suas veias, os segredos que os cercavam, e as sombras que se moviam silenciosas ao redor de seus nomes.
Mas havia algo diferente em seus olhos naquela manhã.
Um brilho intenso, quase selvagem, misto de inocência e fúria contida — herança direta da coragem inquebrantável da mãe, Isabela, e da força silenciosa que sempre a sustentou mesmo nas noites mais sombrias. E por trás daquela pureza infantil, havia também o eco do pai: Leonardo Villar — frio, calculista, impiedoso.
— A gente não pode contar para mamãe — disse Gabriela, com o olhar firme, mesmo que o medo tremesse em sua voz.
— Eu sei — respondeu Luan, cerrando os punhos. — Mas se aquele homem está mesmo vindo… a gente precisa estar pronto.
— Pronto para quê? — perguntou Lucas, o mais impulsivo, franzindo o cenho. — Somos só crianças.
— Crianças que ele jurou matar — completou Levi, a voz baixa, como um sussurro que fazia