68. ECOS DO PASSADO
A manhã nasceu cinzenta sobre a mansão dos Villar. O céu parecia carregar o mesmo peso que pairava sobre o coração de Leonardo. Ele acordara antes do amanhecer, coisa rara para alguém tão acostumado à rotina metódica. A insônia o consumira. Desde a noite anterior, uma única frase ecoava em sua mente — dita pela mãe com aquela voz calma, venenosa, quase doce:
“E se Isabela não tivesse apenas fugido? E se ela tivesse fugido... grávida?”
Leonardo tentou ignorar. Tentou racionalizar. Mas a dúvida era como uma farpa sob a pele — impossível de arrancar.
Durante o café da manhã, manteve a aparência fria e serena, mas o olhar... estava distante. O jornal nas mãos era apenas um disfarce. Ele não lia. Ele pensava.
Pensava nela.
Nas lembranças que o assombravam: o rosto de Isabela naquela noite, o choro contido, o olhar de medo e de súplica.
E, em meio a tudo isso, uma sensação confusa nascia dentro dele — algo entre culpa, obsessão e uma curiosidade doentia.
Será que ela realmente... teve um fi