55. AVISO
Leonardo Villar transformara a dor em estratégia. Onde antes havia um homem consumido pelo luto, agora habitava um executivo afiado, disciplinado e implacável. Seu reino não era mais apenas a mansão da família: era o império que administrava com punho de ferro — conselhos, fusões, contratos assinados em jantares com luz baixa. O luto havia lhe dado um foco frio; cada decisão tomada na sala de reuniões vinha acompanhada de um cálculo preciso, uma intenção de impor ordem e assegurar legado.
Nas semanas que se seguiram aos eventos que dilaceraram sua família, Leonardo passou a morar entre aeroportos, salas de conselho e o escritório envidraçado da empresa. O dia começava cedo, quase sempre com uma maldita reunião às sete, e acabava tarde, com relatórios e acordos revisados sob a luz mortiça de sua mesa. Ele fazia discursos em eventos de negócios, aceitava prêmios por liderança visionária e aparecia em capas de revistas: a mídia o tratava como o herdeiro que havia restaurado a estabilidad