Quando Camila deixou a sala de controle, sentiu o ar quente do corredor invadir os pulmões como se estivesse saindo de um ambiente submerso, porque a presença de Rafael sempre provocava nela essa sensação de água represada prestes a transbordar. Caminhou até o laboratório com passos rápidos, tentando colocar distância entre eles e recuperar a clareza que ele insistia em roubar, ainda que não tivesse tocado nela uma única vez desde o dia anterior. O problema era que Rafael não precisava tocar. Ele apenas chegava perto e o corpo dela se desorganizava, como se as regras mudassem sem aviso.
O laboratório estava quase vazio quando ela entrou; apenas o som contínuo dos equipamentos preenchia o espaço, e o cheiro de agave misturado com álcool parecia mais denso do que de costume. Guardou a prancheta, abriu o laptop e fingiu trabalhar, embora a mente estivesse presa ao momento em que Rafael dissera que ela o prendia a algo que ele ainda não entendia. Não era uma frase dita para seduzir, e tal