"Em pânico por nunca mais vê-lo e perder a única chance que eu teria de ser livre do inferno que vivi por dez anos, estendi minha mão entre as grades e segurei a manga de seu casaco." Escravizada por 10 anos, sofrendo abusos e inimagináveis, Linnea Aether vê na aparição do misterioso Dark Wolf sua chance de ser livre, porém o homem está ali em busca de outra coisa, uma joia muito especial que está em posse de Octavius Kasimir. "― O que você disse, humana? ― Eu sou a joia que Octavius escondia. "
Leer másO grande salão estava brilhando com luzes multicoloridas, enquanto os itens que seriam vendidos passavam pelo grande telão, mas mantendo o item principal em segredo. Muitos homens naquela noite esperavam ansiosos, pois boatos haviam se espalhado pela cidade sobre uma joia rara com poderes além do imaginável. Dentre todos esses homens, o empresário a beira da falência, Octavius Kasimir. Um homem egoísta que desejava os poderes da joia para ter poder e riquezas. Sua aparência repugnante afastava todos, nenhum outro visitante do leilão queria ser visto perto daquele pequeno homem rechonchudo, cujo suor manchava suas roupas baratas.
As pessoas esbarravam em Octavius quando passavam e riam dele, não entendendo como um homem falido havia conseguido entrar em um leilão tão exclusivo.
― Ao que parece, qualquer um pode entrar nesse leilão hoje em dia. ― Um homem com roupas finas disse, após bater seu braço de maneira proposital em Octavius.
A raiva era o combustível que Octavius precisava para continuar. Ele sabia que nenhum daqueles homens pomposos seria capaz do que ele estava prestes a fazer.
― Podem rir o quanto quiserem. Vamos ver no final quem vai vencer.
O leilão continua, vários objetos valiosos são arrematados. Peças de arte, pinturas, animais exóticos e raros, até que finalmente chega o momento da protagonista daquela noite.
Uma pequena gaiola foi levada até o centro do grande palco. O telão sobre a plateia focado unicamente sobre o lençol branco que a cobria. Fleches pipocaram por toda parte enquanto o apresentador assume o controle.
― Chegamos a nossa peça mais preciosa da noite. Senhores, preparem suas carteiras, pois o lance mínimo é de cem milhões! ― todos se animam enquanto o apresentador puxava o lençol, revelando o conteúdo daquela gaiola.
Uma pequena menina, com longos cabelos de um branco puro espalhados a sua volta, tremia sem conseguir ver o que estava acontecendo ao seu redor, pois uma grossa faixa cobria seus olhos. As mãos e pernas da menina estavam acorrentadas ao chão da gaiola, a impedindo de se mover em qualquer direção. Assustada, a menina chorava e soluçava enquanto o forte feixe de luz caia sobre ela.
Animado, Octavius vibrou ao ver a menina, sabendo que suas fontes haviam acertado. Nenhum dos presentes pareceu interessado em comprar uma menina, então o apresentador volta a falar.
― Sei o que estão pensando, aparentemente essa menina não é nada de mais, porém chamo a atenção de todos para seus lindos cabelos. Um branco puro e único, herdado apenas pelos descendentes da deusa Nix. ― Com essas poucas palavras, o interesse de todos os presentes foi renovado e os lances começaram.
Um após o outro, o valor crescia mais e mais. Os mercenários que capturaram a jovem sorriam nos bastidores. A pequena criança não fazia ideia do que estava acontecendo ao seu redor. Os gritos, a música alta, as risadas estridentes. Sons que causavam arrepios na pobre criança. Ela baixou sua cabeça, tocando a testa no chão da gaiola e cobrindo seus ouvidos enquanto os lances continuavam. Finalmente o valor chegou a duzentos milhões. O salão ficou em silêncio por um momento, até que Octavius ergueu sua placa com o número sessenta e seis.
― Trezentos milhões! ― o pequeno e rechonchudo homem gritou, surpreendendo a todos.
O ambiente ficou tenso com a expectativa, todos os presentes se mantiveram em silêncio até que o leiloeiro começou a contagem.
― Dou-lhe uma, dou-lhe duas, dou-lhe três! ― As batidas do martelo na mesa ecoaram no grande salão silencioso. ― Vendido para o senhor na terceira fileira! Parabéns!
A gaiola foi coberta novamente e levada. O apresentador finalizou o evento enquanto os homens mais poderosos e ricos iam aos caixa efetuarem os pagamentos e levarem seus itens. Octavius estava eufórico enquanto ia até os bastidores. A gaiola estava cercada por seguranças armados, evitando que curiosos se aproximassem. O homem que havia esbarrado em Octavius mais cedo olhou com repulsa e inveja para enquanto passava.
Apresentando o comprovante de pagamento ao leiloeiro, Octavius ergueu um lado do lençol, confirmando que a menina estava lá dentro.
― Para onde devemos enviar o produto, senhor Kasimir? ― Com um sorriso distorcido, Octavius pensou no melhor lugar para esconder o seu tesouro.
― Envie para esse endereço. ― Entendendo um pedaço de papel para o leiloeiro, Octavius deu as costas e saiu.
Na manhã seguinte, o pequeno homem estava parado em uma rua sem saída, em um dos bairros mais abandonados da cidade de São Francisco. Um caminhão branco se aproximou e dois homens saíram dele. Enquanto um ia até os fundos do carro retirar uma caixa, o outro se aproximou de Octavius com um tablet.
― Senhor Kasimir. Preciso que assine aqui. ― O homem ofereceu o aparelho e foi ajudar seu companheiro a descer a caixa pesada. Pegando o tablet e confirmando a assinatura, os homens acenaram de forma discreta e foram embora.
Com dificuldade, Octavius levou a caixa para em um galpão mal iluminado e sujo. O lugar parecia abandonado a muitos anos, repleto de lixo deixado por moradores de rua. Ao abrir a caixa, dentro, a pequena menina ainda estava com a faixa sobre seus olhos, as correntes prendendo seus pulsos e tornozelos enquanto ela chorava baixinho.
A puxando pelos cabelos, Octavius a fez sair da caixa e a jogou no chão. A menina estava assustada, com fome e dor por todo o seu corpo, devido ao transporte turbulento. Com um puxão forte, o homem arrancou a venda e um grande tufo do cabelo da menina, a fazendo gritar. Com medo de chamar atenção, e para repreender a pequena criança, Octavius desferiu um forte tapa em seu rosto.
― Cale a boca! Agora abra os olhos.
― Por favor, eu não quero fazer isso. ― Furioso, o homem agarrou os cabelos da menina e a puxou para si.
― Mandei abris a droga dos seus olhos. ― Com medo de apanhar mais, a menina obedeceu, revelando grandes olhos brilhantes cuja cor única lembrava a joia madrepérola, com facetas multicoloridas. ― Isso, agora mude o meu futuro! Me transforme no homem mais poderoso dessa m*****a cidade!
NolanTinha de correr.Não deveria ter saído na noite anterior. Meus pais iriam me matar pelo atraso.O castelo do rei alfa estava decorado com pompa, a altura da celebração anual. Me esgueirei pela cozinha, pegando alguma coisa para comer e passei pelos corredores o mais silenciosamente possível. A adrenalina subindo rapidamente.― Fico feliz que tenha se juntado a nós. ― A voz de minha mãe ecoou pelo corredor. Suspirei, me virando para vê-la.Seus longos cabelos prateados caiam em uma trança elaborada sobre seu ombro. O vestido amarelo-claro a fazia parecer um anjo. Ela se aproximou, segurando meu rosto entre suas mãos. Enquanto analisava meu rosto, ela franziu a sobrancelha e estreitou seus brilhantes olhos verdes.― Agradeça que não foi seu pai quem te achou. Kael está atrás de você desde cedo. ― Passei a mão pelos cabelos, recordando do último sermão do meu pai.― É que trabalhei até tarde ontem… ― Minha mãe cruzou os braços e arqueou uma sobrancelha. ― Ok. Não é como se pudesse
KaelAs batidas aceleradas de seu coração, o cheiro característico do medo enquanto suas mão arranharam meu braço, tentando se libertar. Tudo aquilo era o mais puro deleite para mim.Gideon não era apenas um traidor. Ele conspirou contra o alfa, abusou da minha mãe para gerar um filho que ele pudesse controlar e, quando não precisava mais dele, o matou friamente. Alaric era um idiota, acreditando em cada palavra de Gideon cegamente. Suas escolhas o levaram ao seu fim.Soltei Gideon, que rapidamente tomou distância. Farejei o ar, confirmando que Linnea já não estava ao nosso alcance. Não queria que ela presenciasse o que iria acontecer. Não tinha intenção de executar Gideon logo de cara, mas torturá-lo, até que ele implorasse por uma morte rápida.Sua experiência não era muito diferente da minha, já que ambos fomos as mesmas batalhas irracionais de meu pai. Porém, eu tinha muitas vantagens além da minha força superior. A juventude e meu treinamento extremo me faziam superiores a Gideon
KaelOs ataques continuavam. A falta de uma liderança tornava nossos inimigos imprevisíveis, porém a falta de treinamento adequado para um embate daquelas proporções tornava sua única vantagem completamente inútil. Assim que assumi minha forma Lycan, somente minha presença os assustou, fazendo com que vários daqueles lobos fugissem, em uma tentativa patética de salvarem suas vidas. O problema era que eu jamais permitira que qualquer um deles escapasse com vida.Meu rugido ecoou pela floresta, fazendo o chão tremer diante da minha força. Os lobos ao meu redor uivaram, a moral subindo de imediato enquanto continuavam a atacar todos que avançavam contra nós.Estava buscando por Alaric ou Gideon, afinal aquele ataque só deveria ter partido deles. Todos os alfas já haviam me reconhecido como o supremo, sem qualquer questionamento, porém meu irmão se mantinha em completo silêncio. Não senti o cheiro de nenhum deles no campo de batalha, o que pareceu muito estranho a princípio, até que um ch
LinneaAquela noite estava particularmente fria. O vento gelado que entrava no quarto me causava arrepios. Até Nolan parecia mais agitado em seu sono, como se algo o estivesse incomodando. Coloquei a manta sobre ele, mas algo ainda parecia incomodá-lo. Kael saiu do banho, uma toalha enrolada em seus quadris e outra sobre seu ombro. O observei enquanto pegava uma calça de moletom, a vestindo. Me aproximei tocando com as pontas de meus dedos sua pele úmida, traçando as linhas de seus músculos, subindo até seus ombros largos.― Parece que meu pequeno cervo está louca para ser devorada. ― Kale segurou minha mão, me puxando para ficar na sua frente, presa entre o armário fechado e seu peito.Mordi meu lábio, a aflição que queimava em meu peito cada vez mais forte. Com meus punhos cerrados e mãos trêmulas sobre o peito de Kael, apoiei minha testa, fechando meus olhos e permitindo que seu perfume apimentado me envolvesse e acalmasse um pouco meu coração. Suas mãos seguraram meus ombros com f
LinneaAbracei Nolan, o cobrindo com meu corpo e dando as costas para Isolde. Seria impossível para mim desviar daquele disparo, então eu protegeria meu bebê. O som da arma disparando, o cheiro da pólvora queimada, mas a dor do impacto não veio. Me virei, olhando com cautela por cima do ombro e vi Gideon impedindo Isolde enquanto Kael mordia o ombro de Gideon.Com um rugido alto, Gideon puxou seu ombro da mandíbula de Kael. O sangue jorrou, manchando o lindo pelo branco do Rei alfa, que cuspiu o pedaço do músculo que ficou na sua boca.― Vira-lata miserável. ― Kael rosnou, pronto para desferir outro ataque em Gideon. ― Então Alaric está mesmo por trás de tudo isso.O lobo riu, ainda segurando o braço de Isolde, que gemia de dor e desconforto.― Alaric? Acha mesmo que seu irmãozinho tem essa capacidade? ― Kael rosnou mais alto e avançou contra Gideon, que jogou Isolde na direção de Kael.Com facilidade, Kael desviou de Isolde, que bateu com força contra o chão. Kael lançou um ataque fe
LinneaPensei em quanto tempo havia se passado desde que saímos da mansão de Kael. Estava claro que ele já poderia ter sido avisado do nosso sequestro, mas ainda levaria algum tempo para nos encontrar. Tinha de encontrar uma maneira de me comunicar com Kael, enquanto distraia Isolde de alguma forma.― Isolde, irmão. ― Seus olhos verdes brilharam e sua expressão suavizou quando o chamei. Tentei conter os tremores que percorriam pelo meu corpo e estendi minha mão, me afastando do berço onde Nolan estava. ― Pense bem. Levará anos para que os filhos de Nix ressurjam. Não sabemos se existem outras vilas como a que vivíamos, talvez possamos encontrá-los primeiro. Em um segundo, o olhar de Isolde voltou a ficar frio. Ele agarrou meu pulso com força, me puxando para mais perto.― Acha que sou algum idiota, Linnea? Que cairia nesse truque barato de agir com carinho? ― Isolde me empurrou com força, me lançando para a cama. Tentei me levantar, mas ele caiu sobre mim, apoiando um joelho e as mão
Último capítulo