O tesouro do Alpha amaldiçoado
O tesouro do Alpha amaldiçoado
Por: K. R. Alexander
PRÓLOGO: Vendida

O grande salão estava brilhando com luzes multicoloridas, enquanto os itens que seriam vendidos passavam pelo grande telão, mas mantendo o item principal em segredo. Muitos homens naquela noite esperavam ansiosos, pois boatos haviam se espalhado pela cidade sobre uma joia rara com poderes além do imaginável. Dentre todos esses homens, o empresário a beira da falência, Octavius Kasimir. Um homem egoísta que desejava os poderes da joia para ter poder e riquezas. Sua aparência repugnante afastava todos, nenhum outro visitante do leilão queria ser visto perto daquele pequeno homem rechonchudo, cujo suor manchava suas roupas baratas. 

As pessoas esbarravam em Octavius quando passavam e riam dele, não entendendo como um homem falido havia conseguido entrar em um leilão tão exclusivo. 

― Ao que parece, qualquer um pode entrar nesse leilão hoje em dia. ― Um homem com roupas finas disse, após bater seu braço de maneira proposital em Octavius.

A raiva era o combustível que Octavius precisava para continuar. Ele sabia que nenhum daqueles homens pomposos seria capaz do que ele estava prestes a fazer.

― Podem rir o quanto quiserem. Vamos ver no final quem vai vencer.

O leilão continua, vários objetos valiosos são arrematados. Peças de arte, pinturas, animais exóticos e raros, até que finalmente chega o momento da protagonista daquela noite.

Uma pequena gaiola foi levada até o centro do grande palco. O telão sobre a plateia focado unicamente sobre o lençol branco que a cobria. Fleches pipocaram por toda parte enquanto o apresentador assume o controle.

― Chegamos a nossa peça mais preciosa da noite. Senhores, preparem suas carteiras, pois o lance mínimo é de cem milhões! ― todos se animam enquanto o apresentador puxava o lençol, revelando o conteúdo daquela gaiola.

Uma pequena menina, com longos cabelos de um branco puro espalhados a sua volta, tremia sem conseguir ver o que estava acontecendo ao seu redor, pois uma grossa faixa cobria seus olhos. As mãos e pernas da menina estavam acorrentadas ao chão da gaiola, a impedindo de se mover em qualquer direção. Assustada, a menina chorava e soluçava enquanto o forte feixe de luz caia sobre ela.

Animado, Octavius vibrou ao ver a menina, sabendo que suas fontes haviam acertado. Nenhum dos presentes pareceu interessado em comprar uma menina, então o apresentador volta a falar.

― Sei o que estão pensando, aparentemente essa menina não é nada de mais, porém chamo a atenção de todos para seus lindos cabelos. Um branco puro e único, herdado apenas pelos descendentes da deusa Nix. ― Com essas poucas palavras, o interesse de todos os presentes foi renovado e os lances começaram.

Um após o outro, o valor crescia mais e mais. Os mercenários que capturaram a jovem sorriam nos bastidores. A pequena criança não fazia ideia do que estava acontecendo ao seu redor. Os gritos, a música alta, as risadas estridentes. Sons que causavam arrepios na pobre criança. Ela baixou sua cabeça, tocando a testa no chão da gaiola e cobrindo seus ouvidos enquanto os lances continuavam. Finalmente o valor chegou a duzentos milhões. O salão ficou em silêncio por um momento, até que Octavius ergueu sua placa com o número sessenta e seis.

― Trezentos milhões! ― o pequeno e rechonchudo homem gritou, surpreendendo a todos. 

O ambiente ficou tenso com a expectativa, todos os presentes se mantiveram em silêncio até que o leiloeiro começou a contagem. 

― Dou-lhe uma, dou-lhe duas, dou-lhe três! ― As batidas do martelo na mesa ecoaram no grande salão silencioso. ― Vendido para o senhor na terceira fileira! Parabéns!

A gaiola foi coberta novamente e levada. O apresentador  finalizou o evento enquanto os homens mais poderosos e ricos iam aos caixa efetuarem os pagamentos e levarem seus itens. Octavius estava eufórico enquanto ia até os bastidores. A gaiola estava cercada por seguranças armados, evitando que curiosos se aproximassem. O homem que havia esbarrado em Octavius mais cedo olhou com repulsa e inveja para enquanto passava.

Apresentando o comprovante de pagamento ao leiloeiro, Octavius ergueu um lado do lençol, confirmando que a menina estava lá dentro.

― Para onde devemos enviar o produto, senhor Kasimir? ― Com um sorriso distorcido, Octavius pensou no melhor lugar para esconder o seu tesouro.

― Envie para esse endereço. ― Entendendo um pedaço de papel para o leiloeiro, Octavius deu as costas e saiu.

Na manhã seguinte, o pequeno homem estava parado em uma rua sem saída, em um dos bairros mais abandonados da cidade de São Francisco. Um caminhão branco se aproximou e dois homens saíram dele. Enquanto um ia até os fundos do carro retirar uma caixa, o outro se aproximou de Octavius com um tablet.

― Senhor Kasimir. Preciso que assine aqui. ― O homem ofereceu o aparelho e foi ajudar seu companheiro a descer a caixa pesada. Pegando o tablet e confirmando a assinatura, os homens acenaram de forma discreta e foram embora.

Com dificuldade, Octavius levou a caixa para em um galpão mal iluminado e sujo. O lugar parecia abandonado a muitos anos, repleto de lixo deixado por moradores de rua. Ao abrir a caixa, dentro, a pequena menina ainda estava com a faixa sobre seus olhos, as correntes prendendo seus pulsos e tornozelos enquanto ela chorava baixinho.

A puxando pelos cabelos, Octavius a fez sair da caixa e a jogou no chão. A menina estava assustada, com fome e dor por todo o seu corpo, devido ao transporte turbulento. Com um puxão forte, o homem arrancou a venda e um grande tufo do cabelo da menina, a fazendo gritar. Com medo de chamar atenção, e para repreender a pequena criança, Octavius desferiu um forte tapa em seu rosto.

― Cale a boca! Agora abra os olhos.

― Por favor, eu não quero fazer isso. ― Furioso, o homem agarrou os cabelos da menina e a puxou para si.

― Mandei abris a droga dos seus olhos. ― Com medo de apanhar mais, a menina obedeceu, revelando grandes olhos brilhantes cuja cor única lembrava a joia madrepérola, com facetas multicoloridas. ― Isso, agora mude o meu futuro! Me transforme no homem mais poderoso dessa m*****a cidade!

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