50. PALAVRAS NÃO DITAS
Jacob parou o carro em frente à casa de Larissa e manteve as mãos firmes no volante, mesmo com o motor desligado. A noite caíra de vez, o céu carregado ameaçava chuva, e uma brisa gélida cortava as ruas silenciosas como um sussurro de presságios. Diante dele, o modesto portão de ferro e o jardim arrumado pareciam uma pintura serena — o oposto exato da tempestade que rugia em seu interior.
Ele observou por alguns instantes as luzes acesas da casa, revelando sombras que se movimentavam pela sala. Os tios de Larissa ainda estavam ali. Jacob sabia que aquela casa estava repleta de lembranças e dores recentes, e a última coisa que ele queria era causar ainda mais perturbação.
Suspirando fundo, soltou o volante, sentindo o suor frio entre os dedos. O medo de perder Larissa, o peso da revelação de sua mãe, e as consequências do segredo de seu pai tornavam cada respiração um esforço. Quando finalmente saiu do carro, seus passos foram lentos, quase arrastados, como se o asfalto puxasse seus pé