CALEB
O dia tinha começado como qualquer outro: com poeira no ar, cheiro de terra úmida e o mugido preguiçoso do gado que já pedia trato. Só que eu, diferente dos animais, não conseguia encontrar paz em rotina nenhuma. Desde cedo havia um zumbido no ar, uma espécie de rumor que não precisava ser dito em voz alta para eu captar. E logo cedo, um dos peões me entregou o motivo de cara lavada, ainda com o boné torto e o suor fresco na testa de quem tinha vindo correndo.
— Chefe, a patroinha tá passando por tudo lá com a menina — ele disse, coçando a nuca, os olhos baixos como se tivesse cometido um crime só de repetir. — E… anotando algumas coisas.
Eu larguei a corda que estava segurando com tanta força que quase arrebentei a ponta. O cavalo ao meu lado bufou, nervoso com a explosão de energia. Respirei fundo, tentando não soltar o palavrão que já estava pronto.
— Como assim “anotando umas coisas”? — perguntei.
O peão engoliu em seco.
— Um caderno, sabe? Ela tá andando com ele pra cima e