Ecos na Penumbra
Aria
A noite cobre o resort como um véu espesso. Não é só o escuro natural do campo, mas um manto pesado de inquietação que se deita sobre cada telha, cada galho, cada canto do chalé.
Julian dorme em meu colo com a mãozinha segurando firme o cordão do ursinho. Seu peito sobe e desce num ritmo lento.
Em sua inocência, ele ignora o abismo silencioso que se abriu sob nossos pés.
Alexandro está na varanda com o celular no ouvido, falando em voz baixa com alguém da segurança.
Vi sua expressão mudar depois que saiu da oficina olhos endurecidos, mandíbula tensa.
A calmaria dos últimos dias foi varrida por um vendaval invisível, e agora estamos todos à mercê de algo que ainda não sabemos nomear.
Minha mão treme levemente enquanto acaricio os cabelos de Julian.
Não foi um acidente.
Foi sabotagem.
Isso é difícil de aceitar.
É o tipo de realidade que desmonta a falsa sensação de controle que eu me esforcei tanto para construir.
Durante anos, protegi Julian do passado.