A Curva do Medo
Alexandro
A manhã de sábado amanhece vibrante.
A brisa traz cheiro de pinho molhado e pão fresco, e o lago reflete o céu que ainda guarda retalhos rosados do nascer do sol.
Penso que nada poderia romper o frágil equilíbrio que conquistamos ontem aquela música, o beijo suave na bochecha de Aria, a doação em nome dela.
Parece que o universo finalmente conspira a nosso favor. Até o celular segue mudo, sem notificações corporativas ou alarmes ambientais.
Aria decidiu levar Julian ao centro histórico, a cinco quilômetros, para comprar tintas de aquarela em uma feira de artesãos.
Insisti em dirigir, mas ela sorriu, segurou a chave do velho jipe restaurado pelo resort e disse:
— Deixa eu ter essa manhã só com ele. Você tem reunião com a ONG às dez, lembra?
—Depois almoçamos juntos.
Cedi, medindo a segurança duas vezes:
Pneus revisados, tanque cheio, freios novos. Dei um beijo na testa de Julian, outro no alto da cabeça de Aria, e os vi partir estrada afora.
O motor e