Marcos não se mexe.
Encostado na parede, era como se ele precisasse de apoio para não cair. Os olhos azuis ainda fixos na curva do meu vestido, como se estivesse tentando fazer as contas.
— Você está… — a voz dele falha. Ele engole em seco. — Você tá grávida.
Não é uma pergunta. É constatação.
— Tô. — respondo, calma.
Minha mão vai automaticamente para a barriga, num gesto protetor que já virou parte de mim.
Ele ergue o olhar devagar até o meu. Os olhos estão vermelhos, brilhando demais.
— De quanto tempo?
— Vinte semanas. — digo, sem desviar. — Quase cinco meses.
Ele fecha os olhos por um segundo. Quando abre, já fez a conta.
— Itália — sussurra.
— É.
Marcos fica em silêncio por alguns segundos. Ele passa a mão no rosto, respira fundo, olha para cima como quem pede força ao céu.
— Eu preciso de uma bebida. — diz, olhando para mim de novo. — Nós precisamos...
— Conversar? Definitivamente.
Dou um passo de lado, abrindo passagem. Marcos entra, ainda meio cambaleante, co