O império da vingança
O império da vingança
Por: Val veiga
capítulo 1

Capítulo 1 - O Início de Tudo

Eu sempre fui um homem simples. Nunca precisei de muito para me sentir completo — um teto sobre a cabeça, comida na mesa e algumas boas risadas no final do dia. Mas foi só quando conheci Bianca que entendi o que era, de fato, felicidade. Ela chegou de mansinho, feito brisa no verão, e sem que eu percebesse, já tinha preenchido todos os espaços da minha vida. Com ela, tudo ganhou cor e sentido.

Nosso casamento não teve luxo, nem grandes festas, mas teve algo que dinheiro nenhum no mundo poderia comprar: amor verdadeiro. Ainda guardo na memória cada detalhe daquele dia como se fosse uma fotografia em alta definição. O vestido simples, mas elegante, que ela usava, o sorriso nervoso que insistia em brincar no canto da boca dela enquanto caminhava em minha direção, e aquele olhar — ah, aquele olhar — que me atravessou a alma no instante em que dissemos "sim". Quando ela apertou minha mão, senti que naquele toque havia uma promessa silenciosa: enfrentaríamos juntos cada obstáculo que a vida colocasse em nosso caminho.

Nos meses seguintes, construímos nosso lar com as próprias mãos — cada móvel, cada quadro pendurado na parede, cada planta no jardim tinha um pedaço da nossa história. E quando soubemos que seríamos pais, o mundo, que já era bonito ao lado dela, se tornou grandioso.

A lembrança do dia em que Bianca me mostrou o teste de gravidez ainda me arranca um sorriso bobo. Eu estava no sofá, despretensioso, mexendo no celular, quando ela apareceu segurando aquele pequeno objeto nas mãos. O olhar dela, uma mistura de medo e alegria, dizia tudo antes mesmo que as palavras saíssem: “Você vai ser pai.”

Naquele momento, um turbilhão de emoções tomou conta de mim. O medo me pegou de jeito primeiro, como um soco no estômago. Seria eu capaz de cuidar de uma vida? De ser exemplo, guia, abrigo? Mas, logo em seguida, veio a felicidade — avassaladora, luminosa, impossível de conter. Eu ia ser pai. Nosso amor tinha dado fruto.

Cada ultrassom foi um evento por si só. Cada batida do coraçãozinho, cada imagem que surgia na tela, cada mexida inesperada... era como se, em cada consulta, eu me apaixonasse um pouco mais por aquele pequeno ser que ainda nem conhecia, mas que já ocupava todo o espaço dentro do meu peito.

O dia do nascimento de Enzo foi o ápice. Quando o médico o colocou nos meus braços pela primeira vez, senti que o mundo havia parado. Nada mais existia, além de mim, daquele bebê tão frágil e da mulher que me deu o maior presente da vida. As lágrimas vieram sem que eu pudesse controlar. Era um choro de alívio, de amor, de gratidão. Enzo era mais do que nosso filho — era a materialização de um sonho que eu nem sabia que tinha até encontrar Bianca.

A rotina com ele trouxe uma nova perspectiva sobre o que era felicidade. Nossos dias eram simples, mas carregados de significado. O cansaço das noites em claro era esquecido no instante em que ouvíamos aquelas primeiras risadinhas ou quando ele agarrava meu dedo com suas mãozinhas miúdas.

Voltava do trabalho todos os dias ansioso para aquela cena que se tornara meu ritual favorito: abrir a porta de casa e encontrar Bianca sentada na poltrona, embalando Enzo enquanto sussurrava canções de ninar. O sorriso cansado, mas sereno, no rosto dela, era o que bastava para que eu esquecesse qualquer problema.

O tempo passou voando. Num piscar de olhos, Enzo estava engatinhando pela casa, arrancando sorrisos e bagunçando tudo que encontrava pela frente. Aos poucos, veio o primeiro “mamã”, depois “papai” — e aquele som, vindo da boca dele, foi como música para mim.

Naquela tarde, ele correu até mim com seus passinhos desajeitados, ainda tentando dominar o equilíbrio.

— Papai! — balbuciou, estendendo os bracinhos.

Abaixei-me, abrindo os braços, e o peguei no colo, girando devagar enquanto ele gargalhava alto, aquele riso puro que enchia o ambiente.

Bianca, do sofá, observava a cena com um sorriso doce no rosto e os braços cruzados, tentando manter uma expressão séria.

— Você vai mimar esse menino, Gustavo. — disse, em tom de falsa repreensão.

— Eu? Magina! — respondi, fingindo surpresa, enquanto jogava Enzo levemente para o alto e o pegava de volta com firmeza. — Ele merece todo o mimo do mundo, né, filhão?

Enzo se aconchegou no meu pescoço, soltando uma risada abafada. Bianca se aproximou e acariciou os cabelos dele, olhando para mim com ternura.

— Ele tem o seu sorriso, sabia? — disse ela, como quem acabava de notar um detalhe precioso.

— Espero que herde minha inteligência também — provoquei, erguendo uma sobrancelha.

Ela revirou os olhos, divertida.

— Presunçoso.

Nos sentamos no chão, rodeados pelos brinquedos espalhados pela sala. Enzo, entretido, se ocupava com um bloquinho de montar, enquanto Bianca se encostava no meu ombro. Ali, no chão da nossa sala, planejamos sonhos. Falamos sobre viagens que queríamos fazer, sobre como seria o primeiro dia de escola de Enzo, as festas de aniversário que iríamos organizar. Nosso futuro parecia tão sólido quanto as paredes ao nosso redor.

Mais tarde, quando a noite caiu e Enzo já dormia no bercinho, Caio — meu amigo de longa data — apareceu em casa. Ele era mais que um amigo, era um irmão escolhido pela vida. Sentamos na varanda, cada um com uma cerveja na mão, enquanto o silêncio da madrugada se estendia ao nosso redor, confortável e familiar.

— Cara, eu queria te agradecer por tudo. — falei, olhando para ele com sinceridade. — Por sempre estar comigo, por ser padrinho do Enzo. Você faz parte da nossa família, Caio.

Ele sorriu, balançando a cabeça devagar, como quem carrega o peso de uma gratidão mútua.

— Eu que agradeço, Gustavo. Você tem uma família linda. A Bianca é uma mulher incrível. E o Enzo... aquele moleque é especial. Sinto orgulho de ser padrinho dele.

Dei um gole na cerveja, encarando o céu forrado de estrelas.

— Eu sou um cara de sorte, Caio. Não preciso de mais nada. Tenho a Bianca, o Enzo, você como meu melhor amigo. A vida não poderia ser melhor.

Ele sorriu de volta, mas por um instante, breve, vi um brilho diferente em seus olhos. Algo que não consegui identificar — uma inquietação, talvez? Mas ignorei. Minha felicidade era grande demais para me deixar levar por pensamentos negativos.

— E aquele seu projeto, como anda? — ele perguntou, quebrando o silêncio.

Assenti, animado.

— Está caminhando. Quero expandir os negócios, garantir uma vida tranquila pra Bianca e pro Enzo. Não quero que eles passem pelas dificuldades que eu passei.

Caio girou a garrafa nas mãos, pensativo.

— E Bianca? Ela está nessa com você?

— Sempre esteve. — respondi, sem hesitar. — Ela confia em mim. Somos um time. Cada decisão que tomo é pensando nela e no Enzo.

Ele riu baixo e tomou mais um gole.

— Vocês sempre foram assim. Um casal perfeito.

— Não diria perfeitos, mas... felizes. E isso, pra mim, é tudo que importa.

O silêncio voltou a nos cercar, confortável, até que ele pareceu querer dizer algo mais.

— Gustavo, eu queria te falar uma coisa... — começou, mas hesitou. — Esquece. É besteira.

Franzi a testa, curioso.

— Fala, Caio. O que foi?

Ele soltou um suspiro, forçando um sorriso.

— Nada, cara. Acho que bebi demais. Coisa da cabeça.

Rimos, e o assunto ficou pelo caminho. Conversamos sobre a vida, relembramos histórias da época da faculdade, das aventuras, dos planos de juventude que um dia pareciam tão distantes, e agora estavam ali, se realizando. Eu confiava em Caio de olhos fechados. Nunca, nem nos meus piores pesadelos, imaginei que ele poderia trair essa confiança.

Naquela noite, ao deitar ao lado de Bianca, passei o braço por cima dela, sentindo o calor do seu corpo e o perfume leve que sempre me acalmava.

— Eu te amo, Bianca. Mais do que qualquer coisa.

Ela se virou para mim, com um sorriso doce e sonolento.

— Eu também te amo, Gustavo. Para sempre.

E naquela hora, com o coração cheio, acreditei nisso com cada fibra do meu ser.

Enquanto o sono me envolvia, minha mente voava alto, sonhando com o futuro brilhante que eu estava pronto para construir ao lado dela e do nosso pequeno Enzo. Com eles ao meu lado, eu me sentia invencível.

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