capítulo 4

P.O.V - Julie

Eu tinha certeza que eu não havia sonhado.

Ele realmente existia! Klaus... o nome dele ressoava sozinho em cima da minha cabeça, inundando todos os meus pensamentos.

Naquela manhã eu desci as escadas como se eu tivesse sido tocada brevemente por um anjo, saltitando pelos degraus, nem o barulho do degrau solto me incomodou.

O cheiro do café exalou pela casa invadindo as minhas narinas, o dia lá fora estava ensolarado e o retrato do meu finado pai estava iluminado como nunca esteve, olhei para o rosto dele por um tempo, como não fazia a alguns meses, mas dessa vez, não me causou dor. Apenas um pequeno frio na espinha, nada que eu não pudesse lidar.

A voz da minha mãe ao telefone me deu um alento, eu queria contar para ela que a filha dela não era louca, mas ao invés disso eu apenas sorri.

Assim que ele desligou, me olhou com um ar de surpresa:

- O que te fez acordar de tão bom humor? - Falou me encarando com os olhos arregalados

- Eu só acordei muito feliz! apenas isso!

- Eu detesto estragar sua felicidade, mas o Benjamin estava agora na linha comigo, está preocupado com você. Você tem algo para me contar?

- Mãe, eu acordei feliz! você acha que tem algum problema de verdade? O problema do Ben é outro!

- Ele ama você. Não sei o que dá na sua cabeça de simplesmente rejeitar esse amor.

- Eu também o amo. Você sabe disso. Só não do jeito que ele gostaria.

- Ele seria um bom marido! É estável, bonito, simpático...Está sempre pronto a ajudar.

- Eu tenho certeza que ele será um ótimo marido, só não para mim. Eu sou uma pessoa diferente! Existem tantas meninas nessa aldeia...

- E todas gostariam de estar no seu lugar! Eu só estou falando, estabilidade primeiro!

- Você não quer que eu ame alguém tanto quando você amou o papai e ele te amou de volta? Não é o certo? Pelo que eu sei, você se casou com um minerador, sem posses, largou os seus pais ricos e viveu um amor intenso e profundo! você não quer o mesmo para mim? - Falei já perdendo o meu tom de bom humor de mais cedo.

- Eu amei o seu pai. Ele me amou. E agora eu estou viúva, tudo por que o seu pai perseguiu uma ideia fixa por anos e acabou morrendo! E eu temo que o Benjamin esteja certo, você está indo pelo mesmo caminho!

- Debaixo de uma amoreira não caem mangas mãe! E nem a sua insistência vai me fazer olhar o Benjamin com olhos diferentes. Sinto muito! Eu vou me aprontar, tenho que ir trabalhar.

- Você não vai comer nada? - Disse ela tentando consertar.

- Não, eu perdi a fome!

Eu a olhei profundamente nos olhos e saí da cozinha.

Com que direito Benjamin ligou para a minha mãe para questionar minha sanidade?

O meu bom humor saiu do meu corpo.

Eu me aprontei e passei o dia ignorando a existência de Benjamin, até ele insistir.

- O que eu te fiz Julie? O dia todo e nem um oi?

- Você ligou para a minha mãe que já me acha maluca para confirmar que eu realmente sou maluca!

- Eu fiz isso para o seu bem! apenas para o seu bem!

- Bom, eu não acho. E tem mais, eu sei que o homem com quem eu sonho é real! Meu pai sempre esteve certo!

Ele riu, mas parecia um pouco desesperado, acho que acabei confirmando que eu era louca.

- Um homem lobo? sério Julie? - Riu novamente o que me deixou nos nervos.

- Ele foi até o meu quarto ontem! Klaus é o nome dele, ele realmente existe. Eu não sou louca! Nem o meu pai era!

- O seu pai tinha doenças mentais! Perseguiu um animal na floresta e acabou morto! Você quer ir pelo mesmo caminho? Sinceramente, eu desisto de você! Eu estou aqui, ao seu lado, todos os dias, e você fica às voltas com uma fantasia que nunca vai se cumprir!

- Eu pensei que você estava ao meu lado porque é o meu amigo! Nada além disso! O que você tem a ver com as minhas fantasias verdadeiras ou não Benjamin? - Eu já estava a ponto de explodir.

- É frustrante para mim amar tanto alguém e nunca corresponder a expectativa dessa pessoa porque ela insiste em algo que nem existe! - Disse ele amargurado.

Eu o deixei falando sozinho, não tinha a mínima intenção de continuar ouvindo o quanto eu era ingrata por não corresponder! Era insano!

- Ei, você vai à festa da colheita hoje? - Disse ele gritando no galpão.

- Você sabe que odeio essa festa Benjamin! Por que eu faria isso?

- Para se comportar como uma menina normal? Para usar um vestido e por uma noite só fingir que você faz parte dessa comunidade?

- Eu não me encaixo Ben! E eu tenho certeza que um dia, uma dessas meninas da aldeia vão roubar o seu coração.

- Eu gosto de coisas mais complicadas! - Ele me ofereceu um sorriso afetuoso de longe.

Eu ofereci outro sorriso de volta, por mais que eu quisesse atacar Benjamin eu não conseguiria, ele era um bom amigo. Estava ao meu lado. E nunca iria me abandonar.

- Eu posso pensar em ser o seu par hoje! Quem sabe?

- Eu te busco as oito na sua casa! Levo uma garrafa de alguma coisa bem forte!

Eu fui embora dali, talvez, mesmo que minha fantasia fosse real, eu deveria seguir a minha vida para frente. Benjamin não me causava arrepios na espinha, mas tinha cheiro e cara de casa.

"Nunca mais vamos nos ver" era uma sentença muito clara! Talvez Klaus nunca mais aparecesse na minha janela, mas ele viveria em minha memória e para sempre dentro das minhas sensações e desejo.

E se, por um minuto que for, eu conseguir atrai-lo novamente, eu vou poder finalmente voltar a sorrir.

Me encaixar não era bem o que eu queria, mas e se eu devesse? E se esse fosse eu meu maldito destino?

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