Liam Rodrigues
Era a primeira vez que eu dormia ali. Não apenas naquela cama, naquele quarto, naquela casa — mas na casa da minha mãe. A mulher que me gerou, me perdeu e passou quase três décadas me procurando. A mulher que preparou aquele quarto como um santuário de esperança, mesmo sem saber se um dia eu pisaria ali.
Demorou vinte e oito anos. Mas eu finalmente dormi no quarto que ela manteve para mim.
E, por mais estranho que pareça, dormi bem. Talvez melhor do que em muitos meses. O colchão era novo, os lençóis cheiravam a alfazema e cuidado, e havia uma ternura no ar que nenhuma casa me oferecera antes. Ainda assim, quando acordei, faltava algo.
Priscila.
A cama era grande, mas fria. O silêncio da casa, antes acolhedor, agora parecia oco. A falta do cheiro dela no travesseiro, do calor do corpo dela colado no meu, me fez virar de lado várias vezes. O quarto onde eu dormi era o sonho da minha mãe — mas o que me fazia sentir completo era o abraço da mulher que me ensinou o que era