Liam Rodrigues
— Você sabe que a minha filha tem catorze anos e oito meses, né, Miguel? — perguntei, mantendo a voz firme, tentando não explodir. — Ela ainda tá aprendendo a viver. Tá descobrindo o que é sentir. E você... acabou de fazer quinze.
Miguel ficou parado, com as mãos ao lado do corpo, parecendo até menor do que realmente era. Os ombros estavam tensos, o olhar no chão. O silêncio dele era barulhento.
— Não foi homem o bastante pra beijar? Agora fica calado?
Ele respirou fundo e levantou o olhar devagar. Não era desrespeitoso. Era um olhar que dizia: “Eu sei que mereço ouvir, mas também sei o que senti.”
— Senhor… — começou ele, com a voz embargada. — Eu sei que o senhor tem razão de estar bravo. Eu também ficaria, se fosse com alguém da minha família. Mas o que aconteceu entre mim e a Íris... não foi algo sujo. Foi... foi só um beijo, mas foi de verdade. Foi leve. Natural. E eu juro que jamais encostaria nela de forma errada.
Cruzei os braços, mantendo o olhar duro. Mas algo