LIAM RODRIGUES
O pouso foi tranquilo. Meu coração, nem tanto.
Aterrissamos em Fortaleza às 15h17. Quase cinco horas de voo — e umas boas doses de emoção acumuladas.
O céu nordestino nos recebeu com um azul intenso, tão diferente do cinza de São Paulo. O sol ainda estava alto, mas o calor era outro. Não aquele abafado e sem graça da cidade grande... era um calor com cheiro de mar, de dendê, de lembrança.
Respirei fundo assim que os pneus tocaram o chão.
Eu estava de volta. Depois de tanto tempo.
— A gente chegou! — Belinha comemorou, pulando no assento antes mesmo do avião parar por completo.
— Calma, pequena. Espera o avião parar — falei, rindo. Ela nem me ouviu. Os olhos estavam colados na janelinha, brilhando de empolgação.
Do outro lado, Ítalo observava tudo com a testa franzida.
— Aqui é onde você morava, né, pai?
Assenti, com um sorriso nostálgico.
— É. Aqui o papai cresceu. Ou tentou...
Ele não disse nada, só me surpreendeu com um abraço apertado, silencioso. Daqueles que dizem