87. O exílio da rainha e o reino do silêncio
A partida de Jessica e das crianças da mansão Calegari não foi um ato de raiva explosiva, mas um êxodo silencioso e carregado de uma dor que parecia ter peso físico. Luigi observou da janela de seu escritório, o mesmo local onde confessara sua traição, enquanto as malas eram discretamente colocadas no carro pelo Sr. Valadares. Viu Lorenzo, seu primogênito, agora com dezesseis anos, o rosto uma máscara de uma maturidade forçada e um ressentimento gélido, segurando a mão da irmã, Laura, cujos olhos azuis, geralmente tão cheios de sonhos, estavam vermelhos e perdidos. Viu o pequeno Gabriel, aos dez, olhando para a casa com uma confusão que lhe partiu o que restava do coração. E viu Jessica, sua Jessica, entrando no carro sem olhar para trás uma única vez, a postura reta, a dignidade de uma rainha exilada de seu próprio reino.
Quando o carro desapareceu pelos portões, um silêncio mortal desceu sobre a mansão. Um silêncio que não era de paz, mas de ausência, de vazio, de morte. Luigi sentiu