86. O purgatório da verdade e as cinzas de um paraíso
O ar no escritório de Luigi Calegari era pesado, denso, quase irrespirável. O silêncio que se seguiu à partida de Diana Monteiro era preenchido apenas pela respiração ofegante de Jessica e pela agonia silenciosa de Luigi. A fúria inicial de Jessica, a adrenalina da confrontação, começava a ceder espaço a uma dor oca, a uma desolação que a deixava sem forças. Mas a determinação em seus olhos azuis, agora vermelhos e inchados pelas lágrimas contidas, permanecia inabalável.
"Estou esperando, Luigi", ela repetiu, a voz mais baixa, mas ainda cortante. "A verdade. Toda ela."
Luigi, que estivera paralisado, como que petrificado pela força que emanava de sua esposa, finalmente se moveu. Desabou em uma das poltronas de couro, o rosto entre as mãos, como se o peso do mundo, o peso de sua própria traição, o esmagasse. As palavras de Jessica eram um ultimato, mas também, ele sabia, a única e mais remota possibilidade de salvação. E ele se agarrou a ela como um náufrago.
Sua voz, quando finalmente