HENRIQUE
O silêncio naquela manhã era diferente. Pesado, desconfortável. Clara e eu trocamos poucas palavras depois daquela conversa devastadora na madrugada. Mesmo com Nestor morto, não parecia que o fim do pesadelo havia chegado. Pelo contrário, era como se uma sombra pairasse sobre nós, silenciosa e implacável, trazendo à tona a realidade que eu tentava negar: eu estava perdendo Clara.
Enquanto tomávamos café da manhã, Sofia brincava animada ao redor da mesa, suas risadas preenchendo o ambiente com uma leveza que contrastava com a tensão entre mim e Clara. Ela era a única coisa que nos mantinha conectados agora.
Clara evitava me olhar diretamente, focada em sua xícara de café, e eu sentia que cada tentativa de me aproximar era uma barreira que ela erguia para se proteger. Ela estava exausta, e eu sabia que tudo isso era minha culpa. Eu a havia arrastado para esse ciclo interminável, prometendo segurança que nunca parecia chegar.
— Você vai passar o dia fora hoje? — Clara finalmente