Após descobrir a traição do namorado com sua melhor amiga, Clara decide terminar o relacionamento de três anos. Tentando recomeçar, ela se envolve com Henrique, um CEO poderoso e irresistível, sem saber que ele é o tio de seu ex. Agora, Clara precisa lidar com a inesperada atração por um homem mais velho, enquanto tenta desvendar se o amor entre eles pode superar o passado complicado e os laços familiares.
Leer másCLARA
Se teve uma coisa que aprendi nos últimos anos, era que a vida nem sempre seguia o roteiro que nós tínhamos escrito em nossas cabeças. E olha que eu me considerava boa em escrever roteiros — mas… isso foi realmente algo que ficou no passado. Afinal… aos 23 anos, minha vida era praticamente perfeita. Eu tinha um emprego decente, amigos incríveis, e um namorado com quem dividi três anos da minha vida. Tudo parecia estar no lugar, mas… ultimamente, eu comecei a sentir que… alguma coisa estava faltando.
Sabe aquela sensação de que você está esquecendo alguma coisa importante? Como quando você sai de casa, mas não tem certeza se trancou a porta? Bom… é esse sentimento irritante que fica martelando na minha mente o tempo inteiro, só que eu não faço ideia do que estou esquecendo.
E já está começando a me deixar louca!
Hoje de manhã, enquanto tomava meu café, essa sensação bateu ainda mais forte — o que quase me tirou completamente da órbita. A cozinha estava quieta, exceto pelo som do café sendo derramado na caneca. Olhei para as fotos de viagens que eu e Ana, minha melhor amiga e companheira de apartamento, tínhamos pendurado nas paredes. Paris, Barcelona, Rio de Janeiro... Lugares incríveis, momentos inesquecíveis, mas mesmo assim... algo estava errado.
— Clara! Você vai se atrasar, de novo! — A voz de Ana me tirou dos meus pensamentos.
— Tô indo! — gritei de volta, pegando minha bolsa e correndo para a porta.
— Céus… não me ouviu das primeiras vezes? — Ela acabou perguntando, antes de olhar para o meu rosto, que provavelmente ainda deixava claro que eu não estava totalmente presente. — Por acaso… estava no mundo da lua? — Ana perguntou enquanto descíamos as escadas.
Suspirei.
Falar ou não falar? Talvez eu estivesse só sendo dramática, ou algo do gênero, afinal… tudo estava — e continuaria — certo?
— Ah, sei lá, Ana. Sinto que tem algo faltando na minha vida, sabe? Tipo, tudo tá no lugar, mas parece que eu estou esperando por… alguma coisa, alguma coisa grande.
Ana me olhou como se tivesse visto um fantasma. Talvez porque ela já ouviu isso de mim antes — só que dessa vez… ela pareceu ter levado mais a sério.
— Quem sabe você só precisa de uma mudança, fazer algo novo, fora da rotina, sabe? — disse ela, com aquele sorriso de quem sabe mais do que está dizendo, o que me deixou ainda mais agoniada com aquela sensação constante que não me abandonava.
Eu tentei sorrir de volta, mas no fundo, essa inquietação não saía da minha cabeça. Era como se eu estivesse numa estação de trem, esperando o próximo, sem saber exatamente qual era o meu destino.
Enquanto íamos para o trabalho, eu tentava sacudir esse pensamento. Afinal, eu tinha uma vida ótima, certo? Um emprego que eu gostava, amigos que me amavam, e um namorado... bem, um namorado que... Ok, confesso, ultimamente o Lucas andava meio estranho, mas isso era assunto para depois.
Mas lá no fundo, eu sabia que alguma coisa estava prestes a mudar. E não era uma mudança qualquer. Era daquelas que vira a vida de cabeça para baixo. Só que, por enquanto, tudo que eu podia fazer era esperar e ver onde isso tudo ia dar.
Chegamos ao trabalho e tudo estava no modo automático. Liguei o computador, abri os e-mails e comecei a rotina de sempre — que no caso, se constituía a passar boa parte do meu tempo navegando entre campanhas de marketing e reuniões intermináveis, e bom… hoje não foi diferente. Eu estava prestes a entrar em uma dessas reuniões quando meu celular vibrou na mesa.
Era uma mensagem do Lucas.
[Amor ♥]: Podemos nos encontrar mais tarde? Precisamos conversar.
Se eu ganhasse um real para cada vez que alguém dissesse "precisamos conversar", eu já estaria rica, mesmo assim… eu consegui evitar de ter nó no estômago, quase que imediato. Quando alguém dizia isso, nunca era para falar de algo bom, e ultimamente… Lucas vinha agindo de forma estranha — mais distante, sempre com a cabeça em outro lugar, e agora isso...
[Clara]: Claro, mais tarde a gente se vê :).
Tentei não pensar muito nisso durante o resto do dia, mas é claro que… falhei miseravelmente. Tudo o que eu conseguia pensar era no que Lucas queria me dizer. Será que ele tinha alguma surpresa planejada? Ou será que... não, eu não queria pensar na possibilidade de ser algo ruim. Mas quanto mais eu tentava ignorar, mais meu cérebro insistia em voltar para essa possibilidade.
E quando o dia de trabalho finalmente acabou. Eu e Ana voltamos para casa, e tudo o que eu queria era um banho quente para tirar a tensão do corpo. Mas minha cabeça ainda estava a mil. Tomei um banho rápido e me vesti para encontrar Lucas. Algo casual, mas que não parecesse que eu estava me esforçando demais.
Mas quem eu queria enganar? Estava nervosa, sim!
Nos encontramos em um café perto do meu apartamento. Era o nosso lugar preferido, mas hoje parecia que até o ambiente estava diferente. Lucas já estava lá quando cheguei, e ele parecia tão tenso quanto eu.
— Oi — falei, tentando soar normal, até porque… eu não queria que o turbilhão que estava na minha cabeça, ficasse na cara.
— Oi — respondeu ele, levantando os olhos da xícara de café. Ele parecia cansado, como se tivesse carregando o peso do mundo nas costas.
Sentamos e por um momento ficamos em silêncio. Era estranho. Não deveria ser assim. Lucas e eu sempre tivemos facilidade para conversar, mas hoje... hoje foi diferente…
— Clara, eu... — ele começou, mas parou logo em seguida, como se não soubesse como continuar.
— Lucas… o que está acontecendo? — Eu queria que ele falasse de uma vez, sem rodeios.
Ele suspirou, olhando para a xícara de café como se aquilo fosse a coisa mais interessante do mundo.
— Eu acho que não estamos funcionando mais. Nós dois, quero dizer... Eu... eu não sei como dizer isso, mas... eu conheci alguém. E acho que preciso de um tempo para descobrir o que realmente quero.
Descobrir… o que realmente quer?
Naquele momento, meu mundo parou. Era como se o tempo tivesse congelado e a única coisa que eu conseguia ouvir era o som do meu coração batendo descompassado.
Lucas...
Lucas tinha me traído. E estava sentado ali, na minha frente, me dizendo que queria "descobrir o que realmente queria". Como se a nossa relação de três anos não significasse nada.
— Você está brincando, não é? — Foi a única coisa que consegui dizer.
Mas ele não estava. O olhar dele me dizia tudo o que eu precisava saber. Ele realmente estava sendo sincero. E, de repente, a ficha caiu. Todo aquele comportamento estranho, o distanciamento... fazia todo sentido agora.
— Quem é ela? — perguntei, sentindo minha voz tremer.
Lucas hesitou por um momento, mas então sussurrou um nome que fez tudo desabar de vez.
— Aline.
Minha amiga.
A Aline que eu conhecia desde a escola. Aline, que estava sempre ali para mim, em todos os momentos. A mesma Aline que agora estava saindo com o meu namorado.
Eu me levantei, sem conseguir dizer mais nada. Era como se o chão tivesse sumido debaixo dos meus pés. Como ele pôde fazer isso comigo? Como ela pôde fazer isso comigo? Saí do café sem olhar para trás. Lágrimas ardiam nos meus olhos, mas eu me recusei a deixar que caíssem.
Tudo o que eu sabia era que minha vida, aquela que parecia tão estável até algumas horas atrás, havia acabado de virar de cabeça para baixo.
O sol estava começando a se pôr, e a luz dourada que atravessava as árvores pintava o campo em tons de laranja e rosa. Era uma tarde perfeita, daquelas que pareciam saídas de um sonho, mas não era um sonho. Era a nossa realidade, nossa nova vida.Henrique estava de pé ao meu lado, sua mão apertando suavemente a minha, enquanto observávamos Sofia brincar perto das flores. Ela corria, rindo, seus cachos balançando com o vento leve, completamente alheia ao que acontecia ao redor. Era pura felicidade, a inocência de uma criança que agora só conhecia o amor e a paz. E isso era tudo o que eu sempre quis para ela.— Ela está tão feliz, — murmurei, olhando para Henrique com um sorriso.Ele assentiu, um brilho de orgulho em seus olhos. Henrique era diferente agora. Ele sempre fora forte, mas agora essa força não vinha de suas lutas contra o submundo, e sim do amor que construímos. Ele era o homem que sempre esteve destinado a ser — livre, amoroso, e presente.— E é tudo graças a você, — ele di
CLARAOs primeiros dias na nova casa foram, de certa forma, um sonho. Sofia estava encantada com o quintal, correndo entre as árvores como se não houvesse mais preocupações no mundo. Para ela, esse novo lugar era um mundo mágico, cheio de aventuras. Para mim e Henrique, era a esperança de que essa nova vida finalmente nos traria paz.A cada manhã, quando abria as janelas e via o sol iluminando o gramado, eu tentava acreditar que o pior já tinha passado. Que agora, finalmente, poderíamos respirar e começar a construir a vida que sempre desejamos. Henrique estava mais relaxado, embora eu soubesse que ainda havia partes dele que lutavam contra os fantasmas do passado.Naquela manhã, enquanto preparava o café, senti uma paz inesperada. Era como se algo dentro de mim finalmente estivesse se assentando, como se eu pudesse começar a me permitir acreditar que essa tranquilidade era real. Sofia entrou correndo na cozinha, com os cabelos desgrenhados e o rosto radiante.— Papai disse que vamos
CLARAO dia da mudança chegou antes do que eu imaginava. Era estranho como o tempo parecia passar rápido demais em alguns momentos e se arrastar em outros. Estávamos empacotando nossas últimas coisas, e cada vez que olhava para as caixas empilhadas ao nosso redor, sentia uma mistura de alívio e medo. Nós estávamos realmente indo embora.Henrique estava mais silencioso do que o normal, mas não era difícil entender o porquê. Essa mudança era um recomeço, mas também uma despedida definitiva de quem ele foi. Olhei para ele enquanto carregava algumas caixas para o carro. Ele estava concentrado, mas a tensão ainda estava presente em seus movimentos.Eu sabia que ele estava lutando para deixar o submundo para trás, mas, mesmo com Tito fora do nosso caminho, o peso de tudo o que vivemos não desaparecia tão facilmente. E, por mais que essa fosse a decisão certa, ainda havia aquela sensação incômoda de que estávamos fugindo, tentando escapar de algo que nos seguia.Sofia, por outro lado, estava
CLARAA mudança estava finalmente acontecendo. A cada dia que passava, o sentimento de que estávamos prontos para recomeçar crescia. Henrique já havia encontrado um lugar fora da cidade, um pouco afastado, longe de tudo que nos lembrava do submundo. Era um lugar pacato, seguro, perfeito para darmos a Sofia a tranquilidade que ela merecia. Mas, ao mesmo tempo, a ansiedade só aumentava dentro de mim.Eu sabia que Henrique estava carregando muito peso. Ele era forte, mas mesmo os mais fortes têm seus limites. Ele estava fazendo tudo para que essa nova vida desse certo, mas as cicatrizes emocionais que o submundo deixou em nós não desapareciam com uma simples mudança de endereço. Ainda havia momentos de silêncio entre nós, cheios de memórias dolorosas, de dúvidas não ditas.Enquanto empacotava nossas coisas na sala, fiquei olhando por um longo tempo para uma foto antiga nossa, tirada muito antes de tudo isso começar. Naquela época, eu não tinha ideia do que Henrique carregava dentro de si
HENRIQUENos dias que se seguiram à nossa decisão de sair da cidade, tudo parecia mais real, mas também mais complicado. Planejar uma nova vida não era tão simples quanto eu gostaria que fosse. Havia tantas coisas a serem resolvidas, tantos fantasmas que eu precisava exorcizar.Minha prioridade era garantir que Clara e Sofia estivessem bem. Tudo o que eu fazia agora era por elas. Mas, ao mesmo tempo, a culpa ainda me assombrava. Clara podia estar disposta a seguir em frente, mas eu sabia que as feridas que o submundo deixou em mim não se curariam tão facilmente.Acordei cedo naquela manhã, tentando organizar meus pensamentos antes de Clara e Sofia acordarem. Estava na cozinha, tomando café e revisando uma lista de coisas que precisávamos resolver antes de partir.Sair da cidade significava muito mais do que apenas arrumar malas. Precisávamos de um plano claro, um lugar onde pudéssemos nos estabelecer, e, acima de tudo, eu precisava ter certeza de que Tito ou qualquer outro vestígio do
CLARAO alívio de ter Henrique de volta, são e salvo, era indescritível, mas agora começava uma nova fase. Não era mais a ameaça física de Tito que nos rondava, mas as consequências emocionais de tudo o que enfrentamos. O peso da tensão das últimas semanas ainda estava em cada detalhe do nosso dia a dia.Sofia parecia a mais despreocupada de todos. Crianças têm essa incrível capacidade de superar traumas sem nem mesmo perceber, contanto que estejam cercadas de amor. Ela corria pela casa como sempre, feliz por ter seu pai de volta. A casa de Letícia já não parecia o lugar seguro que era antes; agora era um refúgio temporário, esperando o próximo passo.— O que vem agora, Henrique? — perguntei numa manhã tranquila, enquanto ele preparava o café na cozinha. O cheiro de café recém-coado enchia o ambiente, trazendo um breve conforto.Ele me olhou, seus olhos um pouco mais suaves do que nos dias anteriores, mas ainda carregados de cansaço.— Precisamos de uma nova vida, Clara. — Ele disse,
Último capítulo