Tânia Garcia
Estou no carro com o Júlio, que me leva até sua casa para conversarmos. Não vou mentir: esse homem é lindo. Um pouco mais alto que eu, com alguns fios brancos na cabeça, o que acho um charme, e extremamente educado. Acho que foi isso que despertou meu interesse.
Mas morria de vergonha de me aproximar. Achava que fosse casado e, mesmo se não fosse, minha insegurança me consumia. Não acreditava que ele poderia se interessar por uma simples cozinheira, enquanto ele é o homem de confiança do nosso patrão, respeitado por todos. Então, deixei meus sentimentos guardados.
A Fátima sabia das condições de saúde da minha mãe e que eu precisava de muito dinheiro para ajudar a dona Rute. Somos apenas eu e ela neste mundo; meu pai e meus irmãos sofreram um acidente fatal voltando do trabalho. Um caminhão com a caçamba levantada bateu em uma ponte, que despencou sobre o carro deles. Sobramos apenas nós duas, e eu faria qualquer coisa para dar uma vida com menos sofrimento à minha mãe.
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