Cleide Muniz
Depois de um dia cheio de consultas, me despeço das minhas amigas e vou para casa com a intenção de me arrumar. Fazia anos que não saímos juntas à noite. Chego, deixo minha bolsa e o casaquinho no sofá e vou direto para a cozinha.
— Henriqueee! Quantas vezes já pedi para encher as garrafas de água? E esse monte de copo na pia? — Amo meu filho, mas essa fase da adolescência está difícil.
Às vezes tenho vontade de dar um beliscão só para ver se ele começa a me ajudar. Sei que ele está fazendo de propósito para me irritar, desde que barre a compra de um curso de violão.
— Oi, mãe, bença? Não briga comigo… estava revisando as matérias e nem percebi a hora passar. Me desculpa, vou limpar agora e encher as garrafas. — Respiro fundo. Só brigo para lembrá-lo de que ainda sou mãe, mas meu menino é muito bom. Sofreu comigo durante a separação, quando tivemos que nos esconder por meses por causa do pai dele. A Bianca e a mãe dela, dona Meurily, foram meu porto seguro. Sem elas, eu n