Horas depois da visita do detetive Murilo, a mente de Isabela parecia um turbilhão. Ricardo havia ligado para ela, diretamente da cela, pouco antes de ser assassinado. Aquilo não podia ser coincidência. Havia algo oculto — algo grande o bastante para fazê-lo quebrar o silêncio nos seus últimos momentos de vida.
Leonardo estava na varanda do apartamento, encostado na grade, olhando para o céu cinzento, enquanto segurava uma xícara de café. Estava tenso. O maxilar travado denunciava seu estado mental. Isabela se aproximou em silêncio, usando um moletom largo e cabelos presos em um coque bagunçado.
— Dormiu alguma coisa? — ela perguntou suavemente.
— Difícil dormir sabendo que o homem que infernizou sua vida foi morto poucas horas depois de falar com você — ele respondeu, sem tirar os olhos do horizonte.
Ela encostou-se ao parapeito ao lado dele.
— E se for uma mensagem codificada? — ela sugeriu. — Algo que ele não pôde dizer diretamente, mas queria que eu entendesse?
Leonardo virou o ro