KAEL
O escritório do meu avô é minha nova prisão. As paredes são de um verde escuro, a cor de folhas antigas que já perderam o brilho. Há livros alinhados com precisão quase militar, e, entre eles, uma fileira de miniaturas de avião. A poltrona onde estou é funda e confortável, feita de couro preto, frio ao toque.
O peso do corpo afunda no assento, mas nada me relaxa. O que pulsa dentro de mim não é calma, é instinto. Selvagem, faminto, inquieto.
As mãos tremem, mesmo com as ataduras brancas que cobrem parte dos punhos.
Feridas de luta.
Eu devia tê-la resgatado.
Era o plano.
Mas quando ela se ajoelhou… quando Madisson cedeu à minha voz, à minha ordem, como uma boa ômega submissa, algo dentro de mim quebrou. Nunca me senti tão poderoso e obcecado.
O som do coração dela misturado ao meu, o olhar, o cheiro…
E então o caos.
Eles disseram que eu ataquei primeiro, que perdi o controle. Que foi preciso usarem tranquilizantes. E ainda assim, lembro do gosto metálico, do grito de um dos guard