KAEL
O som do meu punho batendo na parede ecoa pelo apartamento.
Mais uma vez.
O reboco cede, a pele rasga, mas a dor é melhor do que o vazio que ficou depois do que ouvi.
Ezra a levou.
Eles deixaram ele levar.
Porra.
Respiro fundo, mas o ar entra pesado, amargo.
Desde que saí da casa do meu avô, só consigo ver o rosto dela, os olhos assustados, o cheiro dela ainda preso na minha pele.
Madisson.
Minha libélula.
Quis ir atrás dele, seguir o instinto e arrancar cada pedaço da verdade, mas não sei nem por onde começar.
Então vim pra cá.
Meu apartamento.
Preciso pensar.
Ou fingir que sei como.
E preciso de respostas. Dorian pode ter alguma, ele e Ezra eram próximos demais, e Dorian sempre soube mais do que deixava escapar.
Quando entro no corredor, o som do chuveiro vem do quarto dele.
Sem pensar, empurro a porta.
O quarto está uma bagunça.
Mas o que me faz parar não é isso.
É a cama.
Fotos.
Centenas delas, jogadas, sobrepostas, espalhadas como um altar.
Me aproximo.
São fot