Dizem que o nosso passado nos molda, que somos consequência dele, construídos por ele. Será? Carol acha que sim. Tendo vivido coisas terríveis num passado não tão distante, Carol traz consigo traumas que está determinada a vencer. Quando ela conhece Harold e não tem ideia de quem ele é, nem imagina que a aventura de uma noite irá persegui-la durante o dia, ela tem uma grata surpresa: Eis aqui um homem que pode me dar aquilo que eu preciso. Mas ela não quer ser dobrada, nem reviver algumas sensações dolorosas. E ela não está de acordo com os seus termos. Harold, filho da nobreza inglesa e um poderoso empresário do ramo da contabilidade, veio para os Estados Unidos com o propósito de se ver livre das imposições do seu título e começar uma carreira com méritos próprios. Ele está farto de fazer o que esperam dele e decide fazer o que quer com a sua vida, mas privilégios trazem responsabilidades. O que nos leva a questionar até quando Harold vai conseguir fugir daquilo que lhe impõem? Mas quando ele encontra Carol em uma noite no bar ele fica fascinado com a possibilidade de controlar aquele corpo, aquela boca, de possuir o seu corpo por completo. Mas ela não é tão dócil como parece e Harold se vê querendo possuir muito mais do que o seu corpo. Reserve um pouco de água que a coisa aqui vai pegar fogo. OBS: A história de Carol e Harold está em 2 livros da série NYC, os livros 6 e 7. Ambos serão postados aqui.
Ler maisSexta-feira, 13 de setembro de 2013
Eu acordo abruptamente e me sento na cama tateando pelo interruptor da pequena luminária na mesa lateral. Eu preciso da luz para observar em volta e ver que eu não estou mais lá. Eu estou bem. Estou segura. Estou há anos de distância daqueles dias. Estou no agora e o agora é seguro.
Quando finalmente a luz invade o meu quarto eu olho em volta e solto um suspiro de alívio. Eu estou realmente bem. A luz sempre me ajuda a me sentir segura, mas não me esconde da vergonha que eu sinto cada vez que eu sou obrigada a me lembrar do que aconteceu. As lágrimas sempre vêm. Elas são quase que automáticas. Eu nem sinto que estou chorando. Eu não soluço. Eu não grito. Elas apenas escorrem pelo meu rosto. Mas ver onde estou é sempre bem-vindo, por isso eu preciso da luz.
Há muito tempo que eu não sonhava e, embora eu nunca tenha me esquecido, sonhar é sempre pior do que apenas lembrar. Por que sonhar é reviver. Não tem botão de desligar. Você não consegue desviar sua atenção. Não dá pra dizer: “Não quero sonhar com isso, quero sonhar com aquilo”. No sonho não há outra opção. E isso me lembra de que na época eu também me sentia assim: sem opção.
Eu saio da cama e vou até o banheiro. Um bom banho sempre ajuda. Eu tiro a minha velha camiseta e minha calcinha e jogo no cesto de roupas. Ao ligar o chuveiro, eu não espero a água esquentar. A água gelada é bem-vinda para afugentar os demônios do passado. Quando finalmente a água começa a aquecer eu sinto a normalidade retornando lentamente pra mim. Eu ensaboo meu corpo e quando me sinto limpa eu saio e me seco.
São apenas cinco horas da manhã e não há nenhuma possibilidade de eu voltar pra cama. Eu não me sinto disposta a me exercitar. Então, eu decido trabalhar. Aliás, trabalhar é o que eu faço de melhor. Nos últimos anos eu me preparei para ser uma profissional de sucesso. Eu estudei, me formei com honras, me especializei, trabalhei, trabalhei, trabalhei. Ousei.
Aliás, eu descobri que vale a pena ousar. Foi ousando que vim parar aqui em Nova York. Apesar de todos os apelos da minha família, sobretudo da minha mãe, eu ousei e aceitei um convite para trabalhar fora do Brasil. Foi ousando que eu cheguei a um bom cargo na antiga empresa que eu trabalhei. Foi ousando que eu abri mão desse cargo e aceitei um convite da minha melhor amiga para trabalhar com ela na empresa do seu obscenamente rico noivo. Rico é um eufemismo, ele é bilionário mesmo. Eu hesitei a princípio com medo que as coisas não dessem certo entre os dois e de alguma forma isso influenciasse na minha relação profissional com Jake, o noivo. Mas, eu decidi que essa situação é muito mais uma motivação para que eu prove minha competência do que realmente um problema. E foi por isso que eu disse “sim” ao seu convite.
Essa primeira semana foi difícil. Porque ela não pode me acompanhar na empresa nos primeiros dias. Eu não fui apresentada oficialmente à equipe por ela. Não ainda. E tive que ir até o apartamento que ela mora com Jake para me colocar a par dos negócios e ela também deixou a sua assistente pessoal a minha disposição. Mas a empresa está enfrentando um momento de mudanças abruptas o que faz com que a minha adaptação seja mais complicada. Apesar disso, eu nunca corri de desafios. Eles me fascinam. Isso faz com que eu me sinta no controle de tudo. Eu tenho feito isso há muito tempo. Eu preciso que tudo esteja sob o meu controle. É cansativo às vezes, mas é só assim que eu sei ser.
Eu visto um terninho grafite com uma blusa branca de gola jabô. Prendo meu cabelo em um coque tradicional e vou pra cozinha preparar meu café da manhã. Abby, minha colega de quarto não está em casa. Aliás, isso não é nenhuma novidade. Ela praticamente se mudou pra casa do seu namorado e, por mais que eu negue, eu me sinto sozinha, às vezes, nesse apartamento imenso. Outras vezes eu gosto de ficar sozinha.
Eu preparo um café bem forte, como de costume, pego um pacote de biscoitos e me sento na bancada da cozinha com meu laptop para trabalhar. É muito cedo, mas eu preciso disso. Sobretudo hoje. Eu trabalho initerruptamente por mais de duas horas até que o meu telefone toca.
─ Megan?
─ Olá, Carol. Como você está hoje?
─ Bem e você?
─ Bem e a caminho da Foster. Eu estou ligando pra saber como foi a sua primeira semana na Green Enterprises.
Eu me levanto e caminho até a cafeteira para pegar mais uma xícara de café – Até agora está indo bem. Uma semana é muito pouco pra avaliar, mas o ambiente é excepcional. Eu tenho uma sala de verdade e muito espaçosa. As pessoas são agradáveis. E eu gosto muito do trabalho. Tenho uma boa impressão até agora.
─ Você tem visto Samanta?
─ Apenas na casa dela. Ela ainda está presa em casa por causa do que ela sofreu. A imprensa não tem lhe dado trégua. Além disso, eu estou na sua antiga sala e ela está se mudando para uma sala ao lado da de Jake, no último andar. Ela está aguardando que a sala dela fique pronta e que ela possa ocupá-la. Enquanto isso, ela trabalha em casa e eu tenho ido lá alguns dias para que ela me passe algumas coisas.
─ Entendo. Você tem planos pra hoje à noite?
─ Agora sim.
─ Eu pensei que podíamos comemorar seu novo emprego.
─ De acordo. É só dizer onde e quando.
Ela ri – Você é das minhas. Eu envio uma mensagem mais tarde, combinando? Tenha um bom dia no seu novo emprego.
─ Um bom dia pra você também.
Eu termino a chamada e lavo a louça. Depois de escovar os dentes e me maquiar eu pego minha pasta e saio de casa.
***
Sexta-feira, 08 de Maio de 2015HaroldEla estava uma pilha, o que é compreensível. Eu mesmo não estou assim tão tranquilo, embora não deixe transparecer. Mesmo tendo uma ideia do resultado, eu insisti para que esperássemos o resultado geral para fazer qualquer pronunciamento. O que ela concordou.Deus! Essa mulher me surpreendeu a cada volta do processo eleitoral nos últimos meses. Ela veio para Winchester comigo e nós passamos mais tempo aqui do que em Londres. Ela hoje é praticamente parte da cidade. Ela conheceu cada morador, conversou com eles, conheceu suas histórias e simplesmente os conquistou.Eu já era uma figura conhecida em Winchester por causa dos meus pais, que são daqui, pelo fato de eu ter crescido aqui e convivido com a maioria dos moradores. Mas vendo como ela se portava no meio dessas pessoas eu poderia dizer que ela cresceu aqui também.Eu tentei, durante todos esses meses, a tranquilizar. Explicando que era minha primeira candidatura e que eu sequer tinha ocupado
Quinta-feira, 03 de julho de 2014- OH MEU DEUS! OH MEU DEUS! OH MEU DEUS! Você é tipo o que? Da realeza?- Menos, Abby. Pelo amor de Deus, a família de Harold não é da realeza, é da nobreza e mesmo assim eu nem me casei ainda mulher.- Mas isso é tipo um castelo.- Na verdade é um palácio. Está na família de Harold há séculos. Foi doado pela família real junto com uma grande extensão de terra – eu expliquei enquanto levava Kate, Ethan, Abby, Mike, Sam e Jake para dentro.- Ah! Vai. É como se estivéssemos dentro de uma história da literatura inglesa – Samanta falou – O que era engraçado, por que Sam não era muito ligada nessas coisas. Mas eu tinha que concordar com elas, era fascinante.Eu encolhi os ombros – Eu gosto dele. Vamos ficar aqui sempre que possível. Mas temos o nosso apartamento em Londres por causa do trabalho. Além disso, eu me sinto como se fosse quebrar alguma coisa apenas por andar no meio de todas essas relíquias.- De fato é impressionante – Samanta disse, olhando e
Sábado, 07 de junho de 2014Mais de dois meses se passaram e tanto eu quanto Harold seguimos em frente. A cada dia eu tinha mais certeza de que fiz a escolha certa. Apesar de toda a dor e sofrimento que passei nas mãos de Marcelo, a sua morte me trouxe a paz. Eu me sentia culpada as vezes por pensar assim, mas quando me lembrava do mal que ele me fez e do quanto ele pretendia fazer, eu me conformava.Felizmente, os preparativos para o meu casamento e o meu trabalho na PCA ocuparam o meu tempo. Emily estava radiante porque eu escolhi a Catedral de Winchester para a realização da cerimônia do casamento. Harold ficou satisfeito também. Foi aonde os pais dele se casaram e também os avós. Eu também sugeri que a recepção fosse no palácio e, nós poderíamos hospedar os nossos amigos. Uma recepção ao ar livre seria espetacular e traria a simplicidade que eu queria para o meu grande dia.Nosso apartamento, finalmente, havia ficado pronto. E iríamos hoje fazer a vistoria – Pronta?- Sim. Estou c
Sexta-feira, 28 de março de 2014Carol- O que tem aqui? – Harold sai do elevador no oitavo andar me levando com ele. Havia um grande hall, depois muitas portas em um corredor, mas não havia sinal de qualquer pessoa.- Eu raramente uso este andar e quando o faço é para tratar de assuntos que não tem relação com a empresa. Estou pensando em utilizá-lo para cuidar dos assuntos da campanha.- É enorme.- Sim. É. – Nós caminhamos até o final do longo corredor e entramos em um pequeno salão, depois atravessamos uma porta e estávamos em um escritório. Havia um computador, alguns apetrechos de escritório, mas o que me chamou atenção foi um exemplar do Diário de Pernambuco sobre a mesa. Trata-se de um dos principais jornais do estado. Eu olhei pra Harold sem entender – Sente-se, meu bem. Eu me sentei e ele pegou o jornal e se sentou na cadeira ao lado da minha.- Minha mãe e minha avó estão bem?- Estão ótimas. Eu me certifiquei de que aquela equipe de segurança que nós utilizados desse uma p
Harold Domingo, 23 de março de 2014Eu insisti nas ligações enquanto Clark saia do carro em cada hotel para recolher informações, mas ia direto para a caixa postal. De fato, ela não tinha reservado nenhum voo para esta noite. Apenas nos restava procurar nos hotéis. Meu telefone tocou. Era Clark. Eu apenas saí do carro e caminhei em direção ao hotel. Se ele me ligou era porque ela estava aqui. Ele me esperava no saguão – Apartamento 304, Sir. Vou esperar no carro.- Graças a Deus. Obrigado Clark.Parecia que o meu coração ia fugir da porra do meu peito. Eu mal conseguia respirar. Nervoso sequer era suficiente para descrever como eu me sentia. Eu segui para o elevador e apertei o botão do terceiro andar. Apenas três andares, mas a viagem parecia eterna agora que eu estava aqui. Agora que eu a tinha encontrado. O que eu vou dizer a ela? Será que ela não vai querer me ouvir. Eu saí do elevador e caminhei pelo corredor até encontrar a porta do seu quarto. Eu parei, tomei algumas respiraç
HaroldDesespero nem chega perto do que eu estou sentindo no momento. Quando eu liguei pra Carol mais cedo, não tinha de fato a intenção de assistir o vídeo. Depois que passei a informação para Clark, fiquei sozinho no escritório, enquanto ele saía para resolver alguns detalhes. Eu tentei resistir e me obrigar a cumprir a minha promessa, mas falhei miseravelmente. Eu me torturei assistindo cada vídeoMesmo nos meus piores pensamentos sobre o que Carol havia sofrido eu poderia ter materializado o que de fato ocorreu. Foi uma verdadeira tortura pra ela. Desgraçado! Queria matá-lo eu mesmo com as minhas mãos.Eu chorei como um menino a cada vídeo e vomitei todo o conteúdo do meu estômago. No entanto, apesar de estar destruído, eu me obriguei a ver cada um deles.Clark voltou e tentou me convencer a ir pra casa, mas eu sabia que ela perceberia, no instante em que me visse, que eu quebrei a minha promessa. Mesmo depois de incontáveis doses de whisky e inúmeras chamadas não atendidas eu ain
Último capítulo