Giulia:
O restaurante tinha um clima intimista, com as luzes derramando sombras suaves sobre as mesas de madeira escura. O saxofone que preenchia o ar parecia distante, como um eco de outra era, deslizando entre as frestas do meu pensamento. Escolhi uma mesa próxima à janela, de onde eu podia observar a cidade pulsando em tons dourados sob a noite fria. Meus dedos tamborilavam, inquietos, sobre a toalha de linho, traçando padrões invisíveis enquanto tentava costurar as palavras que eu precisava dizer.
Poucos minutos depois, minha mãe atravessou a entrada do restaurante. Rosa estava envolta em um casaco impecável, o lenço de seda abraçando seu pescoço como uma lembrança de elegância que ela sempre carregava. Seu olhar me encontrou de imediato, e um sorriso tímido floresceu em seus lábios enquanto ela se aproximava.
— Fico feliz que tenha me chamado, Giu. — Ela deslizou para a cadeira à minha frente com uma delicadeza quase ensaiada, ajeitando a bolsa ao lado, como se aquele gesto pudes