E como chamava atenção.
Não entendia como uma garota branquela, com olhos grandes e verdes e o cabelo liso e preto passando de sua cintura feito um penteado tão simples quanto suas roupas e a bolsa jogada de qualquer jeito podia lhe interessar tanto.
Era a voz doce?
O olhar inocente?
O amor que mostrava ter por seu filho?
Os lábios finos?
O sorriso?
Ou olhar brilhante que era lançado em sua direção quando ninguém estava olhando?
— Amor, você poderia ficar mais um pouco, não te acordei porque achei que dormiria mais. – Ronny foi ao seu encontro.
— Tudo bem. Preciso ir pra casa, meus pais devem estar me esperando para o café e claro, não quero atrapalhar.
— Você não atrapalha – Embora estivesse falando com seu namorado, o olhar era direcionado ao homem sentado. O olhar frio, desconfiado, ele lhe odiava tanto assim? — Não é, pai?
Parou ao lado da moça e encarou o pai da mesma forma, não obteve qualquer resposta.
— Então eu te levo. Não me custa nada.
— Você bebeu noite passada, sua amiga consegue chegar em casa sozinha. – Vicent levantou com toda sua elegância se aproximando dos mais jovens — E você precisa se vestir, vamos até a fazenda.
— Pai…
— Vá se trocar. Vamos sair em alguns minutos.
— Está tudo bem, meu amor. É só eu pedir um táxi. – Não havia muito que fazer, Vicent era a autoridade maior naquela casa e ninguém poderia ir contra.
Despediu-se do namorado logo o vendo sumir de sua vista. Tornou a encarar Vicent. Ele não parecia tão velho para ser rabugento, grosso como se mostrava.
— Foi bom vê-lo. – Embora soubesse que não havia chances de agradar o pai do namorado, jamais o trataria mal.
— Não posso dizer o mesmo. – Ela assentiu abrindo um sorriso, um sorriso que deixou todas as armas daquele homem travadas. Não podia tratá-la mal. Não quando o caminho estava livre. — Mandarei que alguém a leve para casa.
— Eu posso me virar sozinha como você mesmo disse. – Deu as costas para ir embora, porém, parou quando o escutou outra vez.
— Você não tem que fazer nada. Aceite minha boa ação. Não faço isso com frequência. Mas um pai sabe o que fazer para deixar seu filho feliz.
— Ah, você sabe? – Virou apenas para olhá-lo — Então, porque não gosta de mim? Não vou fazer mal a ele. Eu sou uma pessoa legal.
E era mesmo, afinal, depois de ser tratada mal, ela jamais deixaria sua educação de lado, respeitava os mais velhos e sabia exatamente quando tinha que partir.
Porém, o olhar daquele homem em sua direção vinha com tantas pontas soltas, que só em encará-lo, sentia todas suas forças irem embora.
Para uma estudante de direito, seus argumentos jamais deviam acabar, mas sua boca travava na presença dele.
Ainda mais o vendo se aproximar, como um leão pronto para dar o bote. Tão alto e charmoso… Não, charmoso não.
— Você não merece meu filho. – Disse em tom ameaçador. — Você é só uma garota que está tentando descobrir coisas novas, e com ele você não terá nada.
— Eu tenho vinte e dois anos. Não estou tentando descobrir nada. – Para a surpresa da garota, Vicent acabou rindo, um sorriso brilhante e quente. — Só quero ser feliz e o seu filho também.
— Enquanto estiver junto com ele, você jamais terá a chance de ser feliz. – Ele se aproximou mais, a ponto de sentir o cheiro doce que vinha dela.
Suas mãos saíram de dentro dos bolsos e até ergueram para tocá-la, mas jamais faria isso. Todas as suas ações foram observadas por Clarisse que por um momento achou que seria enforcada e assassinada, mas nada aconteceu.
— Não vou mesmo ser feliz porque ter você como sogro, é um castigo. – Foi embora, sem dar chance alguma de ser respondida a altura.
E esse era seu limite, pois não sabia exatamente o que fazer depois de sua mente o prender em um quarto com ela nua em cima de uma cama, fazendo suas vontades, ou seria o contrario.
Seu maior desejo se resumia em vê-la sorrindo enquanto se aproximava do colchão. Tiraria sua roupa com lentidão, tocaria em sua pele, primeiro com a mão, e depois voltaria pelo mesmo caminho sentindo o sabor com sua língua dando milhões e milhões de beijos.
Depois a tomaria em seu colo e a faria chegar ao seu limite inúmeras vezes na noite, porque se tinha uma certeza na vida, era que Clarisse Evan não havia aproveitado tanto assim do sexo.
Nada contra o garoto que criou, mas Ronny jamais chegaria a sua experiência de fazer com que uma mulher realmente se sentisse mulher.
— Ela rejeitou o motorista - A voz da governanta atrás de si o fez rir, girou no lugar para receber seu casaco — Disse que preferia seguir andando, a acatar um pedido, ou ordem sua.
— Os jovens de hoje em dia são mesmo um pouco chatos, insuportáveis para ser mais sincero. - A mulher desviou o olhar querendo rir — Ah, você tem um filho nessa idade? Desculpe.
— Não acho que o caso da senhorita Clarisse seja esse - O homem ficou sério e encarou a mulher mais velha, escutou os passos de seu filho começar a descer as escadas, mas o olhar estava fixo na senhora… — O caso é que talvez tenha algo a mais, não sei se é para o lado dela, ou para seu lado, e também não sei no que isso pode nos levar… - Riu outra vez.
E foi embora deixando os homens sozinhos…
Do lado dela tinha algo mais? Será?
Não. Ele não tinha tanta sorte assim.