A torcida naquelas arquibancadas gritava como se fosse a final de um jogo mundial. Bandeiras, líderes de torcida, jogadores a flor da pele. Os campeonatos de futebol entre faculdades eram disputados até o último suor cair.
O fim de ano era marcado pela rivalidade e disputa acirrada, e naquele ano o time de Ronny Tornneght ganhou com maestria, seu time havia treinado se fortalecido e levado a melhor.
Dentro do campo, Ronny não se via como o herdeiro de um grupo de empresas famoso e milionário, mas como um garoto normal tentando ganhar sua própria fama, e não havia coisa melhor que ser aclamado por seus esforços. Seu time, sua faculdade… e finalmente sua namorada.
— Você foi incrível – Ela o abraçou fortemente, o suor não lhe incomodava. Quanta vez já o tocou assim.
As pessoas ao redor também não iriam lhe impedir de beijá-lo.
— Todos os gols foram para você. Eu te amo. – De todas as formas, ela quem o incentivou para sua glória.
Gritos de vitória cercaram o casal. O ano tinha sim finalizado com grande estilo, quem sabe no ano que vem, a faculdade rival consiga sua tão esperada primeira vitória.
A comemoração foi dada pelo capitão em sua casa em uma festa que fechou todo o condomínio. Quem seria louco de ir contra o sobrenome forte?
Música alta, bebidas, loucuras, jovens "sendo felizes" por uma noite, uma noite longa e cheia de segredos.
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Junto ao nascer do sol, o homem mais velho daquela casa sentou na cama procurando por suas roupas antes de levantar e ir até a janela, uma pequena fresta da cortina foi erguida para conferir o estrago da noite passada por seu jardim e piscina.
Certamente ele reclamaria se fosse em outra época, mas entendia a felicidade dos jovens pela vitória junto ao fim do semestre e ano novo se aproximando.
Não iria lhe deixar mais pobre pagar por todo aquele estrago feito em sua propriedade.
E claro, deixar que seu filho fizesse aquela grande festa, também deixaria as portas de sua casa abertas para Clarisse Evan, a garota que só via nua em seus maiores e melhores sonhos… e a namorada do filho.
Desde que a conheceu, deixou claro para o mundo inteiro que não a queria com seu filho, nem na sua família e nem perto de si… mas a verdade é que a queria… não apenas perto, não apenas na família, mas na sua cama.
— Querido… – Ele deixou a cortina para encarar a mulher em sua cama — Acordou mais cedo? Pretendo dormir mais um pouco, viajo em poucas horas.
— Fique à vontade.
Não que o fizesse feliz ver sua namorada de duas semanas, agir como se fosse dona de sua cama, mas não iria impedi-la de dormir mais depois de tudo que fizeram na noite passada. Entendia seu cansaço.
Saiu do quarto depois de um banho quente, o sábado lhe prometia uma visita em sua fazenda preferida, uma corrida de cavalos com seus sócios, até mesmo apostas e saídas mais tarde, então, claro que ele iria está de pé mais cedo que o planejado, dando sustos nas empresas que de apressaram para arrumar tudo.
Desejar bom dia, ou responder a esse cumprimento também não lhe custava muita coisa, mas nem todos tinham isso.
A mesa estava recheada, ainda tinha muita gente em sua casa?
— Bom dia senhor, Tornneght. Gostaria de algo mais para o café?
— Muitos convidados ainda?
— Você concordou com isso. – Antes que sua governanta pudesse responder, o herdeiro de Vicent apareceu na cozinha. Tinha um sorriso no rosto e assim que tirou os óculos, riu mais ainda mostrando duas olheiras. — E não tem muita gente. Apenas os amigos que conhece e que não tem medo de você ficaram para dormir.
— E porque teriam medo de mim? Sou algum tipo de Monstro? – Não encarou o garoto que rodou a mesa para se sentar ao lado direito, mas prestou atenção na agenda oferecida por sua governanta. — O motivo da festa foi à vitória do time?
— Achei que tivesse assistido. – Vincent balançou a cabeça fazendo o outro achar graça — Tá tudo bem, eu sei que tem muita coisa para fazer. Mas a vitória foi nossa.
— Não espero menos do meu filho. Você é incrível.
— É, eu sei. Minha namorada me disse isso ontem.
O mencionar daquela garota alertou o homem na mesa que rapidamente deixou o Tablet de lado mandando que a mulher se afastasse apenas com um aceno, sorriu para mais um novo tomando seu café tranquilamente.
O sangue gelou a sentir o arrepio na pele.
Não, ele não sabia quando o desejo por aquela garota apareceu de verdade, mas desde que foi apresentada, o olhar, o toque entre suas mãos aquilo o deixava incerto de como agir em sua frente.
Seu corpo inteiro pegava fogo, e o desejo de possui-la o prendia em um mundo que não tinha volta.
— Palavras de uma garota que gosta de agradar a quem espera algo grande.
— Você não vai começar a falar mal da Clarisse, você não a conhece.
— E como iria conhecer se não a vejo? – E era bem melhor assim.
— Você já deixou claro que não gosta do meu namoro, e em nenhuma das festas que pude levar você a tratou bem. Ela não é de uma família rica, mas é uma pessoa legal.
— Ela não está a sua altura.
Ronny pensou em responder, mas logo a garota apareceu na sala chamando sua atenção… E a de Vicent também.