O silêncio no carro o incomodava.
Mas não poderia começar a falar tudo que tinha na sua mente, pois talvez enfrentasse a irá do pai de uma forma mais densa.
Olhou-o de relance outra vez, e podia ter quase certeza que era ignorado de proposito. Fingir mexer no tablet procurando por algum trabalho num sábado de manhã não fazia jus a imagem de Vicent…
O celular vibrou em sua mão e bastou ver o nome da namorada para saber que era outra mensagem cheia de xingamentos direcionados ao homem ao seu lado, apenas para fortalecer todas as outras oito mensagens contendo o mesmo assunto.
— Eu quero que pare com isso - Pediu baixo, mas abriu a boca. Vicent sequer deu atenção — Para de tratar a Clarisse como se ela fosse uma interesseira, eu amo aquela garota.
— Na idade em que você está não existe amor, apenas um desejo, uma atração sexual, logo passa… ainda mais se não for boa - murmurou a última parte e deu graças à jashin por ele não ter ouvido… E se ouviu não entendeu o que piorava ainda mais a situação.
— Mas você amou a minha mãe - Vicent revirou os olhos.
— Quer usar ela de exemplo? Ela que está com outro homem em algum lugar da suíça gastando o dinheiro da pensão que eu tenho que assinar todo mês? É sério?
— Ah, você acha que é isso que a Clarisse quer de mim? Casar comigo, engravidar e depois sumir no mundo deixando o filho nos meus braços? - Vicent o olhou rapidamente — A Clarisse jamais me trocaria por outro homem. Ela me ama, ela me diz isso, prova isso, estamos namorando há um tempo. Não comece a comparar ela com a minha mãe.
— Oh, então está querendo me fazer acreditar que uma garota daquela te ama e jamais vai te trocar? - O outro concordou — Então para de dar presentes caros e levá-la em viagens internacionais. Chega de restaurantes, acampamentos e encontros de ricos.
— Você está louco se pensa que ela só quer dinheiro - Olhou para frente com um suspiro alto. — Os pais dela vivem muito bem, ela vive muito bem. E falando neles, eles gostam muito de mim, me tratam como rei quando estou em sua casa porque ela gosta de mim. E você devia fazer esse mesmo esforço porque é a namorada do seu filho que vai lá, é de ano pai, o natal já está próximo.
Não havia nada que Vicent não fizesse para deixar seu filho bem e feliz.
Desde que nasceu sempre foi tratado como um príncipe embora não tivesse o amor de sua mãe, mas isso não iria lhe abalar. Vicent não iria deixar que ele sentisse falta da mulher que lhe colocou no mundo.
Entretanto, havia algo naquela garota, algo em Clarisse que lhe tirava do sério. E só lhe tirava do sério, porque sentia desejos por ela e não podia tê-la.
E saber que quem tocava naquela garota, era seu filho, o enlouquecia.
— Você fará uma festa nesse natal para me apresentar como seu sócio e herdeiro. Me deixe levá-la como minha acompanhante, e aceitarei suas aulas e até o estágio na empresa como você sugeriu no começo do ano.
Vicent o olhou na mesma hora, Ronny sabia que iria herdar tudo que seu pai tinha, mas já nos seus vinte e quatro anos sequer fez questão de aprender um pouco mais.
E entregar sua empresa nas mãos de outra pessoa estava fora de cogitação.
— Aceitará o estágio também? – o outro confirmou — Eu não construí aquela empresa estando sempre no topo. Trabalhei para conquistar tudo e não aceito entregar nas mãos de outra pessoa, senão do meu filho que também precisa começar de baixo, para merecer o cargo de presidente.
— Tudo bem. Eu aceito tudo isso aí. Vai ser legal fazer alguma coisa agora que o futebol acabou, preciso ocupar minha mente enquanto Clarisse trabalha.
E onde aquela criatura trabalhava? Iria querer saber um pouco mais sobre ela agora.
— Tudo bem. Mandarei um convite para ela e você começa a trabalhar para mim. - Os homens se olharam — Sem reclamar ou se atrasar, e vai ter que me provar que realmente merece o que já é seu por direito. Não quero abrir os olhos daqui a alguns anos e ver que meus esforços foram jogados no lixo por um moleque inexperiente.
— Já terminou de reclamar? - O outro deu de ombros — Se você apenas mandar um convite ela não vai.
— Como é que é? - Ele se espantou. Quem seria louco de recusar um convite seu?
— Ela já deixou bem claro que nunca mais iria a uma festa sua desde o dia em que você apresentou outras garotas para mim deixando claro que apenas aquelas seriam cotadas para serem suas noras. - Vicent riu.
Esse dia foi bem mais que isso… A viu dentro de um vestido longo, totalmente maravilhosa. Ronny precisava de uma namorada nova naquela noite, porém, havia tantos obstáculos que o impediam de jogar Clarisse em seus ombros e subir para o quarto.
— E o que você quer que eu faça?
— A convide pessoalmente. A convença a ir nessa sua festa natalina com toda a educação que tem dentro desse corpo grande aí. E já deixo claro que se ela não for nessa festa, ou também não vou, e então, você não vai ter ninguém para apresentar como herdeiro e claro, ninguém da sua família porque você só tem a mim.