O salão ainda tremia com o impacto da gravação, a voz de Benjamin exigindo que eu abortasse o bebê ecoando como um trovão em meio ao silêncio atônito dos convidados. O telão estava preto, mas as palavras pairavam no ar, impossíveis de ignorar. Cada sílaba parecia se fixar nos cristais dos lustres, nas toalhas brancas, até nos copos de champanhe, transformando cada objeto em testemunha silenciosa do horror.
Meu pai, ao meu lado, segurava minha mão com força, os nós dos dedos brancos de tensão, o olhar preso ao meu rosto em busca de alguma explicação. O rosto dele era uma máscara de choque e confusão, os olhos castanhos brilhando de preocupação. Lisa, à minha direita, mantinha os olhos fixos em Benjamin, a raiva cintilando como uma lâmina. O tio Vance parecia petrificado, a bebida esquecida na mão, os olhos arregalados, incapaz de reagir ao espetáculo de sua própria “família”.
O perfume de jasmim vindo do jardim misturava-se ao aroma do filé mignon recém-servido, intensificando a náusea