O vento da noite me envolveu assim que pisei na calçada. O carro de Benjamin estava parado à frente, os faróis baixos acesos, brilhando contra o asfalto úmido. O veículo era luxuoso, imponente, como tudo que ele gostava de exibir.
A porta do passageiro se abriu automaticamente, e lá estava ele, reclinado no banco de couro, a postura impecável e o mesmo olhar de posse que eu conhecia tão bem.
— Você se atrasou. — foi a primeira coisa que disse, sem sequer um sorriso.
O tom era acusatório, ainda que controlado.
— Cinco minutos. — respondi seca, mantendo a neutralidade que tinha ensaiado no espelho. — Não é exatamente um atraso.
Ele soltou um suspiro impaciente, os olhos descendo pelo meu corpo em um exame silencioso.
— Preto. — murmurou, inclinando a cabeça. — Sempre gostei de você assim. Simples, elegante… mas só eu sei o quanto você é mais bonita quando se arruma pra mim.
Meu estômago revirou, mas eu forcei um sorriso discreto, quase automático. Entrei no carro e puxei a porta com fir