O som agudo da campainha cortou o silêncio da minha sala mais uma vez, arrancando-me do torpor em que me afundava.
Estava largada no sofá, o celular na mão, rolando sem rumo por notificações que não importavam, tentando, em vão, apagar Benjamin da minha mente. Ele estava em tudo, no peso do ar, no eco dos meus pensamentos, do vazio que ele deixou ao dar de presente a ela o que era meu.
Levantei-me com um suspiro exausto, os músculos rígidos de tensão, e arrastei os pés até a porta, o assoalho frio sob meus pés descalços enviando um arrepio que não era só físico. Abri a porta, e o impacto foi imediato. Um buquê de rosas brancas, imenso, ocupava quase todo o espaço da minha porta, as pétalas úmidas brilhando sob a luz amarelada do prédio, como se tivessem sido colhidas naquela manhã.
O perfume doce, quase enjoativo, invadiu o meu nariz, misturando-se à raiva que subiu como bile. Sabia exatamente de quem era. Peguei o vaso com mãos trêmulas, os espinhos roçando meus dedos, e fechei a por