O tapete ainda está áspero contra minhas costas, o suor secando na minha pele enquanto tento recuperar o fôlego. Meu corpo parece um fio desencapado, pulsando com o eco do que Benjamin acabou de fazer comigo. Ele está deitado ao meu lado no chão do escritório, o peito largo subindo e descendo, a camisa rasgada pendurada nos ombros, o cabelo castanho grudado na testa suada.
O silêncio do andar vazio nos envolve, quebrado apenas pelo zumbido distante do ar-condicionado e pelo som abafado da chuva lá fora. O ar cheira a sexo, a nós, e por um momento, é como se o mundo lá fora não existisse. Mas ele existe, e essa verdade pesa no meu peito como uma pedra. Viro o rosto pra ele, a luz fraca do abajur desenhando sombras no contorno do seu maxilar. Ele está olhando pro teto, os olhos escuros distantes, a expressão fechada, quase impenetrável.
— Benjamin — murmuro, a voz rouca de tanto gritar, mas ele não responde, só vira o rosto de leve, me encarando com aquele olhar que me corta por dentro.