A casa ficou em silêncio.
O tipo de silêncio que não traz paz — mas um zumbido surdo, incômodo, que se infiltra nos poros e aperta o peito por dentro. Amanda ficou ali, imóvel, sentada à mesa. A taça de vinho ainda nas mãos, agora com os dedos úmidos de suor. O líquido tremulava levemente, refletindo a luz quente da luminária como um rubi ferido.
Ela respirou fundo. Uma. Duas vezes. E ainda assim, o ar parecia pesado demais.
A imagem de Lucca subindo as escadas, com os ombros tensos e a dor contida nos olhos, grudou em sua mente como uma cena que se repete em câmera lenta. Ela o magoara. Sabia disso. Sentiu isso. Era quase palpável — como se pudesse estender a mão e tocar a decepção dele no ar.
E doía. Deus, como doía.
Porque Amanda o amava. Não como um reflexo de carência, não como substituto de algo que faltava. Ela o amava de verdade — pelo que ele era, pelo que eles construíram, pelo modo como ele segurava suas cicatrizes sem julgá-las. Lucca era solidez. Era presença. Era cuidado