O sol mal havia rasgado o céu quando Amanda abriu os olhos. Não por vontade. Mas por instinto. Aquele instinto selvagem, primitivo, que avisa antes mesmo do perigo se aproximar. O corpo dela, mesmo enlaçado ao de Lucca, estava rígido. Um alerta silencioso vibrava sob a pele, pulsando como um tambor de guerra.
Daniel estava ali.
Na mesma propriedade. Respirando o mesmo ar. Caminhando pelos mesmos corredores onde ela havia sonhado um futuro… e sido brutalmente abandonada. Só a presença dele já era uma violência que a pele reconhecia.
Saiu da cama sem ruído. Lucca ressonava baixinho, o braço ainda estendido sobre o lençol, como se tentasse segurá-la mesmo dormindo. Mas Amanda precisava escapar antes que a angústia se transformasse em grito. Foi até a cozinha como quem busca abrigo — ou um campo de batalha.
Moer o café. Cortar as frutas. Passar manteiga no pão. Tudo se transformava num ritual obsessivo. Mecânico. Quase terapêutico. Cada gesto, uma tentativa de conter o caos que latejava s