Amanda sentou-se à cabeceira da longa mesa de reuniões da Construtora Mancini como quem assume um trono em ruínas. O ambiente estava carregado, denso, quase irrespirável. Os principais nomes do jurídico, do setor de relações públicas e do conselho de administração murmuravam entre si, trocando olhares sombrios. Os rumores que ecoavam pelos corredores agora tinham corpo, forma, e estavam prestes a virar uma bomba de alcance nacional.
O relógio marcava 9h12. Amanda nem lembrava do gosto do café que havia tomado, nem do trajeto até o prédio. Estava ali, mas sua mente parecia operar sob o efeito de adrenalina pura.
Davi, um dos advogados mais antigos da empresa, aproximou-se com uma expressão grave e lhe entregou uma pasta parda, espessa, marcada por dedos suados de quem já havia folheado aquelas páginas com o estômago revirado.
— Recebemos isso hoje cedo — disse ele, a voz mais baixa do que o normal. — O jornalista não publicou ainda. Está “dando a chance” de vocês se pronunciarem.
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