Do outro lado da cidade, um trovão ribombou, como se o céu pressentisse a tempestade prestes a explodir dentro daquele apartamento luxuoso e frio. Laura caminhava de um lado para o outro com os cabelos desarrumados, os saltos ecoando no mármore como tiros abafados. Em sua mão, uma taça de vinho tinto oscilava perigosamente — até que, num impulso furioso, ela a arremessou com força contra a parede.
O estilhaço do cristal se espalhou como faíscas no chão, o líquido vermelho escorrendo pela parede branca como sangue.
— ELES pensam que venceram? — sua voz saiu rouca, rasgada, quase um rosnado. — Pensam que vão me enterrar viva? Que vão rir enquanto me apodero em silêncio?
Sua advogada, impecável como sempre, nem se moveu. Apenas cruzou os braços, mantendo a compostura diante do caos.
— Laura, não adianta perder o controle. Precisamos agir com estratégia, não com impulsos.
Laura se virou como uma fera acuada, os olhos incendiados.
— Estratégia? Eu fui estratégica a vida inteira! E olha ond