Parte 11...
Rafael
Domingo sempre teve gosto de café lento e beijo preguiçoso. E o dela era doce, ainda que estivesse rabugenta por causa do sol forte.
Camila reclamava como se eu tivesse arrastado ela à força para a praia, mas bastava o vento bater no rosto dela e os olhos se fecharem que a boca entregava: ela gostava.
— Vai me agradecer por te trazer - eu disse, abrindo a toalha sobre a areia.
— Só se você me pagar um sorvete. Dois. Um de pistache e outro de chocolate com pedaços.
— Dois?
— Sou mulher de muitos sabores, doutor.
Ri, puxando-a pela cintura antes que ela se sentasse. Ela caiu sobre mim, rindo também, os cabelos soltos grudando na minha pele suada.
Tinha alguma coisa nos domingos com ela que me fazia esquecer da semana, do hospital, do cansaço. Esquecer de mim mesmo.
Ela foi até o mar, molhou as pernas, voltou correndo, com os pés queimando. Jogou água em mim como uma criança birrenta.
Ajeitei os óculos escuros no rosto e fiquei só observando, deitado, as pernas dela cr