Parte 6...
Luna
Eu estava de avental, cabelo preso em um coque torto e segurava uma espátula como se fosse uma espada medieval quando ele apareceu na minha porta com aquele sorriso que deveria vir com aviso de “pode causar distrações intensas”.
— Vim ver se o fogão novo sobreviveu ao batismo de fogo. - Gabriel se apoiou no batente da porta, ombro relaxado, olhos faiscando de diversão.
— Você quer dizer ao batismo com manteiga e ovos mexidos? Está funcionando lindamente, obrigada. Mas não recomendo usar sem roupa.
— Ah, então você admite. Estava seminua mesmo.
Revirei os olhos, mas sorri.
— Técnica de cozimento francesa. Liberdade de expressão corporal. Coisas assim.
Ele riu, entrou sem pedir. Acho que já era hábito da família e foi direto até a cozinha. Assoviou quando viu o fogão novo, ainda brilhando.
— Caramba… Isso aqui é quase um altar da culinária. Quantos rituais você faz aqui?
— Mais do que você imagina. Inclusive, estou pensando em fazer um pacto com o diabo por inspiração.