Os dias longe do consultório me trouxeram um acúmulo absurdo de trabalho. Horas intermináveis. Pilhas de anotações. Pacientes agendados sem pausa para respirar.
E, ainda assim, Heitor conseguiu aparecer para me atormentar.
— A Maria Vitória é igual à mãe. — Ele começou, caminhando de um lado para o outro na minha sala. Sempre inquieto quando está nervoso. — Você acredita que ela foi morar sozinha? Que está trabalhando numa lanchonete, Alex?
Suspirei, largando meu material de lado.
— Hum... isso não seria bom? — perguntei, pegando o caderno para continuar minhas anotações.
— Evidente que não! Como pôde permitir que ela trabalhe numa lanchonete, Alex? Laura é louca? — Ele bufou, passando a mão pelos cabelos, os olhos brilhando com indignação. — A Laura teve a audácia de me dizer que eu tenho que instalar a Mavi aqui na cidade. E quando perguntei o que ela cursava, aquela mulher mentiu, dizendo que faz Medicina! Como pôde uma adolescente fazer medicina?
Fiz um traço no papel, sem ol