Anos de estudos, anos de experiência. A cirurgia era a atividade que mais me satisfazia, um prazer indescritível. Mas, naquela tarde, enquanto me preparava para entrar na sala de cirurgia, minha mente insistia em me levar para outro lugar, ou melhor, para outra pessoa.
Mavi.
O que ela estava fazendo aqui?
—Droga! — Foi inevitável xingar ao lembrar.
Alguns da equipe ainda me olhavam, quando eu neguei a qualquer erro.
Preciso me concentrar.
Respirei fundo e segui o protocolo.
No vestiário, retirei minhas roupas comuns e vesti o pijama cirúrgico azul. Depois, calcei os sapatos específicos para o ambiente estéril e coloquei a touca, garantindo que nenhum fio de cabelo ficasse exposto. O reflexo no espelho me mostrava um olhar perdido, mas não era hora para distrações.
Segui para a área de lavagem das mãos. Abri a torneira sem tocá-la com as mãos, o acionamento era feito com o pé. O sabão antisséptico cobriu meus dedos, pulsos e antebraços. Segui os movimentos padronizados, esfregando cada