Saí andando pelo hospital enquanto Ana Liz ainda falava ao telefone com a mãe do meu pai. Eu não queria ficar ao lado dela, muito menos ouvir sua narração sobre mim.
Em algum momento, eu teria que conhecer minha avó paterna. Ela parecia gentil, ao menos pelo telefone. Minha avó materna era boa comigo, embora tenha partido cedo.
Segui distraída, sem perceber para onde ia. Estava faminta.
Foi quando meu corpo colidiu com alguém.
Virei-me rapidamente, o coração disparando.
O homem à minha frente vestia um jaleco azul.
Engoli em seco.
Eu o conhecia.
E conhecia bem.
Minha mente me bombardeou com lembranças que eu adoraria considerar insignificantes, os olhos dele, sua respiração, a forma como esteve sobre mim. A maneira como sua mão acariciava meu rosto, seus dedos segurando os meus acima da cabeça, sua boca percorrendo meu pescoço, meus seios... Minutos que deveriam ter sido esquecidos, mas que se tornaram uma lembrança intensa dentro de mim.
Meu corpo ficou imóvel.
A roupa azul indicava q