Capítulo 68
Luna
Estávamos sentados em lados opostos da mesa no escritório improvisado no subsolo da mansão. O lugar cheirava a metal frio, papel envelhecido e estratégia. Dante observava os mapas com aquela intensidade que fazia o tempo parecer desacelerar ao redor dele.
— Tem um carregamento vindo do México — começou Dante, com a voz baixa, quase como se revelasse um segredo. — E não é qualquer coisa. Rivas está investindo pesado nisso. Não sabemos se é armamento, informação ou moeda, mas está vindo por uma rota que não deveríamos nem conhecer. Isso... é uma brecha.
Ele se calou, esperando minha reação. Mas eu só cruzei os braços e encarei. Sabia que ele ainda não tinha me dado a parte mais amarga.
— Tem mais — continuou. — Precisamos de alguém que conheça os protocolos. A estrutura de segurança do depósito de transição. As rotas internas.
— Quem? — perguntei, seca, mas já desconfiando.
— Felipe.
O nome bateu como um trovão abafado. Eu não reagi imediatamente. Mantive o olhar sobre