Capítulo 46
Marcelo
Rubens estava morto.
A notícia chegou até mim em um envelope selado, deixado em cima da mesa do café como se fosse apenas mais um relatório da manhã. Mas não era. Abri o papel com um estalo seco, os olhos correndo pela caligrafia irregular de Matteo. Algumas palavras riscadas, outras sublinhadas com raiva. O homem estava instável. Nervoso. Isso, por si só, já dizia tudo.
“Rubens sumiu. Encontramos o carro abandonado. Nenhuma comunicação desde ontem. Eles sabiam. Alguém entregou.”
Dobrei o papel e deixei de lado. O café amargo ainda fumegava na caneca de porcelana. Peguei-a com calma, como se o mundo não tivesse virado do avesso em menos de três frases. Dei um gole, olhando pela janela. A cidade ainda respirava. Mas eu sentia o cheiro da guerra no ar.
Rubens, aquele rato covarde, tinha dado tudo o que tinha em troca de nada. Traiu, espionou, mentiu — tudo com a esperança absurda de que Dante o perdoaria. Ou, pior ainda, de que ela o perdoaria. A idiota da Luna. A me