Capítulo 40
Luna
O som dos pneus cantando na entrada da casa foi a única coisa que me fez piscar. Até então, meu corpo permanecia imóvel, em prontidão. Ouvi a porta da frente se abrir com um estrondo, e passos apressados cruzaram o corredor como um trovão prestes a explodir.
— Luna! — a voz de Dante ecoou, rouca, descontrolada.
Não respondi. Ele seguiu o som do sangue pingando no tapete e me encontrou ali, no meio da sala, com a arma ainda apontada para o homem caído.
Dante parou na porta por um segundo. Um segundo apenas. Os olhos percorreram a cena: meu corpo firme, o sangue, o invasor no chão. Depois, se moveu.
— Baixa a arma — pediu, mas a voz não era uma ordem. Era um pedido. Baixo, carregado de um respeito novo.
— Ele ainda pode tentar alguma coisa — respondi, sem desviar o olhar do invasor.
Dante se aproximou devagar, como se estivesse lidando com um animal ferido. Mas ele sabia: eu não estava ferida. Estava diferente. Queimada pelo fogo.
— Eu cuido disso agora — disse, estend