NARRAÇÃO DE SARA...
Congelada no meio do quarto, permaneci imóvel, abraçando o livro contra o peito como uma criança pega em flagrante. Os olhos dele desceram lentamente para minhas mãos, depois subiram, cravando-se em meu rosto. O silêncio que se instalou era tão denso que quase podia ouvir o som do meu próprio coração, batendo descompassado, denunciando meu nervosismo.
Ele avançou um passo. Lento. Calculado. Como um predador que não tem pressa, porque sabe que a presa já está acuada.
— Eu... só estava guardando o livro — murmurei, mentindo sem nem saber por que precisava me justificar.
Sr. Dawson ergueu uma sobrancelha, cético. Sua presença era esmagadora; a maneira como me olhava, com aquela intensidade quase hipnótica, fazia-me querer confessar coisas que nem sequer havia cometido.
— Não minta para mim, Sara. — Sua voz saiu baixa, quase um sussurro, mas carregada de uma autoridade que fez meu estômago se contrair. — Você estava curiosa.
Engoli em seco, incapaz de responder. Ele se