NARRAÇÃO DE BRADY DAWSON
Fechei a porta devagar, encostando a testa contra a madeira fria por alguns segundos. O silêncio que se instalou no quarto era quase sufocante, e a respiração que escapava de meus pulmões parecia carregada de fumaça, pesada. Inspirei fundo, tentando expulsar a sensação estranha que sempre me invadia quando ela estava por perto — aquela mistura impossível de controlar entre irritação e desejo.
Era só a empregada.
Era isso que eu repetia para mim mesmo.
Mas, no fundo, sabia que era mentira.
A cada vez que ela cruzava aquela linha que separa o permitido do proibido, algo dentro de mim gritava, uma voz antiga, selvagem, que eu sempre sufoquei… mas que com ela insiste em acordar.
Virei-me devagar, peguei o livro infantil novamente, olhei a capa, atirei o livro sobre a mesa, e me joguei na poltrona, passando as mãos pelos cabelos como quem tenta arrancar pensamentos indesejados. Fazia tempo que eu não sentia essa inquietação, essa irritação que nasce do desejo mais