Caius Varella
Eu estava no elevador quando os celulares começaram a vibrar em sincronia. Como uma sinfonia de desgraça.
Ao sair no andar executivo, senti o cheiro da tensão no ar.
Todo mundo calado. Olhares baixos. E, mesmo assim, eu soube.
Era sobre ela.
Bianca me viu. Vinha no corredor como se carregasse o mundo nos braços.
— Ela está na sala. Não deixou ninguém entrar. Nem eu.
— O que aconteceu?
Ela não respondeu. Só me entregou o tablet. E ali, no brilho da tela, eu vi.
A manchete. A foto. A exposição suja. O nome dela estampado como se fosse entretenimento.
Abri a porta da sala sem bater.
Selene estava sentada atrás da mesa. Impecável. Postura ereta. Olhar de CEO.
Mas os dedos dela tremiam sobre a caneta.
O controle era uma máscara. E ela estava escorregando por dentro dela.
— Selene.
Ela ergueu os olhos.
Me encarou como se olhar pra mim doesse.
— Não era pra você vir.
— Eu sou seu marido.
— Ainda assim, não era.
Fechei a porta atrás de mim. Me aproximei devagar, como quem entra